O Vocabulário da Língua Portuguesa, de Rebelo Gonçalves, indica realmente Colossas, como forma legítima do topónimo, sem registar "Colossos". O Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, faz o mesmo. Na lexicografia brasileira, é também Colossas que se escreve quando, por exemplo, o Dicionário Houaiss define colossense e colossino como «relativo a Colossas, cidade da antiga Frígia (Ásia Menor) ou seu natural ou habitante». Finalmente, na Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura escreve-se Colossas:
«Cid. do Sudoeste da Frígia, que ficava a 200 km a E de Éfeso e era vizinha de Laodiceia e Hierápole. Situada nas margens do rio Lico, afluente do Meandro, era atravessada pela grande estrada que ligava Éfeso ao vale do Eufrates. Decaída, ao tempo de S. Paulo, do antigo esplendor, não passava de simples vila, da qual só restam hoje modestas ruínas. Como as referidas cidades vizinhas, deve ter sido evangelizada pelo colossense Epafras, na altura da grande missão de Éfeso (Act. 19,9-10). A cristandade era de maioria gentílica, mas com um substancial número de judeus. Os bispos de C. são mencionados até ao séc. VIII.
Observe-se, porém, que a citada enciclopédia usa a forma Colossos no artigo dedicado à Epístola aos Colossenses. E muitas edições da Bíblia em português apresentam esta forma. No entanto, considero que Colossas é mais correcto, convidando o consulente a seguir o seguinte raciocínio:
1. Em grego, o nome da cidade em questão é Κολoσσαι (= Kolossai), que passa para latim como Colossae (ver Alexander Souter, A Pocket Dictionary to the Greek New Testament). Este topónimo pertence à 1.ª declinação da flexão nominal do grego e, na sua adaptação ao sistema morfológico latino, passa também à 1.ª declinação.
2. Consultando Prieto et al., Do Grego e do Latim ao Português, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian-Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, ficamos a saber que:
a) «os nomes gregos da 1.ª declinação passam para o português, em geral, através do caso etimológico latino (o acusativo), depois da apócope do -m» (pág. 79);
b) «os topónimos e etnónimos femininos usados no plural terminam em português em -as (gr. -αι, -ων, lat. -ae, arum, port. -as) (pág. 81).
3. Visto Κολoσσαι /Colossae ser um nome feminino da 1.ª declinação usado no plural e o caso etimológico correspondente ter em latim a forma Colossas, a forma portuguesa do nome da cidade só poderá ser Colossas.
Resta-me sugerir que "Colossos" tenha talvez surgido por confusão com colosso, «estátua de proporções gigantescas», e em especial com o famoso Colosso de Rodes, ilha ao largo da costa da Ásia Menor.