As expressões epíteto – do grego epítheton, pelo lat. epithĕton ou epithĕtum, i – e cognome – do latim cognomen, -inis – são sinónimas. Epíteto e cognome são nomes ou expressões acrescentadas aos nomes. Isto é o que grande parte dos dicionários regista e a língua em ato chancela, como o atesta no mesmo texto este exemplo recente:
«Habituámo-nos a esta guerra de números, como se fosse normal não se apresentarem valores sindicáveis da adesão a uma greve que ostenta o epíteto de "geral"» […] Podendo-se desde logo questionar se a greve, geral ou particular, ainda faz sentido como única "forma de luta" das chamadas classes trabalhadoras, parece inevitável concluir que só se deve convocar uma greve geral quando estão criadas as condições para que mereça o cognome (Fernanda Câncio – "E sindicar a greve?", Diário de Notícias, 25 de novembro de 2011).
Apesar disto, cognome parece ser sobretudo utilizado para qualificar nomes próprios. Facto a que não será alheio o uso originário da palavra. É que na Roma antiga o cognome era o nome de família. Ao passo que epíteto se usa de forma alargada e indiscriminada em nomes próprios e comuns. Epíteto assume-se como um qualificativo que se adiciona a um nome para melhor o definir. Na literatura, por exemplo, distinguem-se os epítetos de natureza, permanentes, imutáveis – como «mar salgado» – dos epítetos de circunstância, que caracterizam estados passageiros, transitórios – como «mar revolto». Ainda que também se use epíteto para qualificar nomes próprios como o atesta Camões, no canto X de Os Lusíadas: «A nobre ilha de Samatra […] aurea por epíteto lhe ajuntaram» (124).
Pode, pois, dizer indiferentemente que «o Conquistador» é o epíteto de D. Afonso Henriques, ou que é o cognome de D. Afonso Henriques, ainda que, no caso, cognome possa ser mais preciso.