Não é fácil encontrar atestações deste autêntico lugar-comum narrativo que se idiomatizou na língua. Por exemplo, a expressão registada no Dicionário Prático de Locuções e Expressões Correntes de Emanuel de Moura Correia e Persília de Melim Teixeira (Papiro Editora) é «chover se Deus a dá» e significa «chover muito» ou «chover a potes». Assim, pode dizer-se «chovia se Deus a dava», ainda que esta expressão seja um pouco diferente das que nos enviou.
No entanto, o Corpus do Português, de M. Davies e M. J. Ferreira, inclui uma ocorrência da expressão «chovia que Deus a dava», também no sentido de «chover a potes»:
«À saída chovia que Deus a dava» (Rúben Andresen, Páginas)
Refira-se que «chovia que Deus a dava» ocorre em páginas da Internet, mas encontram-se também as variantes «chovia que Deus (a) mandava» e «chovia como Deus (a) mandava», em que o pronome átono a é elemento opcional. Contudo, obtivemos apenas uma ocorrência de «chovia que Deus andava», o que sugere o estatuto marginal desta variante, algo obscura («chovia tanto, que até Deus andava» — para onde? como?) em comparação com as outras. Deste modo, entre as variantes da expressão em apreço, não é de recomendar «chovia que Deus andava».