Não encontrei a forma “cataclisma” registada em nenhum dicionário. Repare que a palavra tem origem no grego ‘kataklusmós’, «inundação; dilúvio», pelo latim ‘cataclysmos’ (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). Argumentar, por exemplo, que a existência da palavra cisma pode indicar que há variação entre terminações (“-ismo” ‘vs.’ “-isma”) não tem sentido, porque cisma tem uma etimologia diferente: deriva de ‘skhisma’, «separação, divisão», pelo latim eclesiástico ‘schisma, atis’.
A forma “cataclisma” é, de facto, italiana. Dizer que se trata de um italianismo só se entende quando surgem ocorrências desta forma em português. E elas aí estão, ao que parece em páginas brasileiras da Internet; aí vai o exemplo (sublinhado meu):
«Passados quase sete anos do cataclisma provocado pela elevação desenfreada dos preços do petróleo e da desordem que se instalou na economia do mundo inteiro, já se pode dizer: o álcool, no Brasil, deu certo.»
Conclui-se, portanto, que, embora “cataclisma” se use no português do Brasil (não admira, porque a herança italiana é fortíssima), a forma legítima em português (europeu ou brasileiro) é cataclismo.