A evolução das palavras avô e avó da língua latina para a língua portuguesa foi longa e um tanto complexa.
Na língua latina, avus |ávus| corresponde a avô, e avia |ávia| corresponde a avó.
A evolução deu-se a partir dos diminutivos *aviolo e *aviola, equivalentes a avozinho e avozinha. Note-se que *aviolo é uma forma reconstruída, porque não existem registos deste vocábulo.
A evolução da forma masculina foi a seguinte: *aviolo > avolo > avoo. Por influência de um fenómeno fonético denominado metafonia, a vogal tónica tornou-se média, e de avoo evoluiu para |avôo| e, por contracção, avô.
A evolução da forma feminina foi a seguinte: aviola > avola > avoa > avó. Na forma feminina, a vogal tónica manteve-se aberta, como ocorre em cola, bola, argola, etc.
Contrariamente ao que aconteceu na forma do masculino singular, o masculino plural manteve a vogal tónica aberta como sucede em ovos, plural de ovo, em corvos, plural de corvo, etc.
Assim, para designar o plural dos indivíduos de ambos os sexos, manteve-se a forma avós. Para o plural feminino, manteve-se, como seria lógico, a forma avós.
Houve, portanto, uma convergência do masculino e do feminino na palavra avós.
Para que o plural constituído apenas por indivíduos do sexo masculino se distinguisse, foi criada a forma avôs, que vai ajudando a reduzir a ambiguidade existente em avós.