DÚVIDAS

«Antes de entrarmos (eu + ela) no automóvel»

«Já lá fora, antes de entrar no automóvel, ainda voltámos a fitar aquela magnífica construção executada pelos monges cestercienses.»

Nesta frase, devo escrever «entrar», ou «entrarmos»? (Quem ia entrar no automóvel era eu e a minha mulher.)

Resposta

Admitem-se ambas os usos:

a) «Já lá fora, antes de entrarmos no automóvel, ainda voltámos a fitar aquela magnífica construção executada pelos monges cistercienses1.»;

b) «Já lá fora, antes de entrar no automóvel, ainda voltámos a fitar aquela magnífica construção executada pelos monges cistercienses.»

Trata-se de orações subordinadas adverbiais não finitas (ou reduzidas) de infinitivo, que apresentam em geral infinitivo flexionado, visto terem sujeito próprio, embora também possa nelas ocorrer a forma não flexionada (M.ª H. Mira Mateus et al., Gramática da Línngua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 2003, pág. 725).2 De uma forma ou outra, estas orações exprimem circunstâncias temporais, podendo ser substituídas por um modificador preposicional com valor circunstancial: «antes da entrada», «antes da nossa entrada».

1 A forma correta é cisterciense («do latim medieval cirtenciensis, de Cisterciencium, nome latino da abadia francesa de Citeaux), termo que designa «que é relativo à Ordem de Cister», assim como «frade ou freira pertencentes à Ordem de Cister» (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, 2001).

2 Nas orações reduzidas de infinitivo não flexionado, opera-se aquilo a que Mateus et al. (op. cit., pág. 632) chamam um «relação de controlo». Esta verifica-se quando o sujeito de uma oração de infinitivo não tem realização lexical e «tem usualmente a sua referência fixada por um dos argumentos do verbo da frase superior» (idem). Por outras palavras, na frase b), a referência do sujeito da oração «antes de entrar no automóvel» é controlada pelo sujeito da oração subordinante («nós», subentendido: «Já lá fora, [...] ainda voltámos a fitar aquela magnífica construção executada pelos monges cistercienses.»)

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa