Em primeiro lugar, não é "amiúdo", mas, sim, amiúde. Depois, o advérbio amiúde significa «repetidas vezes, com freqüência, a miúdo» [in Dicionário Eletrônico Houaiss]. Assim, «eu facturo amiúde [ou a miúdo]» quer dizer «eu facturo frequentemente» (pequenos ou grandes valores).
N. E. (25/03/2024) – Convém registar os seguintes esclarecimentos sobre as forma amiúde, «a miúdo» e "amiúdo":
1. Os registos dicionarísticos do advérbio amiúde e da locução «a miúdo» que decorrem da tradição fundada pela Reforma Ortográfica de 1911, a qual engloba o Acordo de 1945, o Formulário Ortográfico de 1943 (em vigor no Brasil até 2009) e o Acordo Ortográfico de 1990 (em vigor em Portugal desde 2015), as formas prevalentes são amiúde (ao que parece, com origem na forma minutim variante do advérbio latino minutatim «aos bocadinhos, pouco a pouco» – cf. Dicionário Houaiss e Dicionário Gaffiot) e «a miúdo», constituindo expressão uma locução adverbial.
2. O registo amiúdo, que se encontra na Infopédia, é uma grafia que, não sendo desconhecida no que se grafava antes da Reforma 1911, se torna marginal quando se verifica ser «a miúdo» a forma que se exibe como subentrada de miúdo noutros dicionários – por exemplo, Priberam e no dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, bem como nas fontes brasileiras – Houaiss, Michaelis e Aulete (embora este último proceda de Portugal).
3. Nos vocabulários ortográficos elaborados após a Reforma Ortográfica de 1911, o que se regista é sempre amiúde, não constando amiúdo. Pode isto ser confirmado pela consulta do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa que a ACL publicou em 1940. O mesmo acontece no vocabulário de Rebelo Gonçalves (1966), no Vocabulário Ortográfico do Português do Portal da Língua e no VOLP da ABL Refira-se ainda o Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa (1947, p. 159), de Rebelo Gonçlves, que só se regista amiúde como advérbio (amiúdo só é referido como forma da conjugação de amiudar). Importa assinalar em todo o caso assinalar que, na 3.ª edição do Vocabulário Ortográfico e Remissivo da Língua Portuguesa (1914), de Gonçalves Viana, se regista "a-miúdo", grafia que não reaparece nos dicionários consultados.
Em suma, sem prejuízo da possibilidade de amiúdo, que a Infopédia consigna e legitima, a verdade é que na maioria dos registos dicionarísticos do século XX e deste primeiro quartel do século XXI – isto é, de há mais de 80 anos para cá -- não se escreve amiúdo como unidade gráfica. A forma amiúdo parece, portanto, minoritária e preterida por amiúde e «a miúdo».