A palavra desseleccionar está bem formada em português. É uma palavra derivada por prefixação, tendo sido associado a seleccionar o prefixo des-, bastante produtivo em português, diga-se.
Sendo uma palavra bem formada e tendo um espaço próprio, ou seja, um sentido específico numa área de saber também específica, não há, estou convencida disso, qualquer problema em a considerar como uma palavra portuguesa.
O facto de não estar dicionarizada pode ser justificado por diversas razões. Uma delas poderá ser o facto de se tratar de uma palavra relativamente recente (data de 1997 a primeira questão colocada ao Ciberdúvidas sobre ela). Outra poderá ter que ver com o facto de ter um sentido bastante transparente, ou seja, que não causa dificuldades de interpretação. Este aspecto é importante, pois na elaboração de um dicionário há, certamente, prioridades e critérios a definir, dado que nenhum comporta todas as palavras de uma língua. E a facilidade de descodificação do sentido poder ser um critério a adoptar.
O consulente coloca muito bem a questão, pois procura saber como sentem a palavra e que sentido aqueles que usam na sua actividade. E se esse grupo se apropriou da palavra e a aplica de forma sistemática, então ela existe.
Claro que causa alguma estranheza, sobretudo porque, contrariamente à maioria de situações em que temos dois -ss- intervocálicos, a leitura de desseleccionar se faz diferenciando as duas consoantes e não as considerando como se fossem um só som. Não é, porém, o primeiro caso deste género na língua portuguesa. Vejam-se: desselar, dessalitrar, dessensibilizar, etc.
Por outro lado, como alternativa a desseleccionar, só me ocorre «anular a selecção».