A.C. - d.C.
As abreviaturas recomendadas, pela Academia das Ciências de Lisboa e pelo dicionário "Universal" da Texto Editora, para o fim que indica, são: a.C. (antes de Cristo), d.C. (depois de Cristo). Com pontos e a, d em minúsculas, C em maiúsculas. José Pedro Machado e a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira recomendam A.C. (tudo maiúsculas. Repare que a abreviatura indicada por si ( CE ), adaptada à língua portuguesa em, por exemplo E.C., pretendendo ignorá-la, sugeriria sempre a era cristã, não só na referência ao início, como na própria letra C (que poderia ser interpretada como de Cristo).
Recomendo que, por agora, continue a usar a notação prescrita pela Academia das Ciências de Lisboa.
Jesus Cristo
Na realidade, parece que Jesus nasceu cerca de seis a quatro anos antes do início da actual contagem, mas a era em que se baseia o nosso calendário designa-se por era cristã; e não o podemos ignorar.
Cristo também pode ser encarado só laicamente, se é essa a sua preocupação: Jesus Cristo é uma figura comprovadamente histórica (existiu de facto, segundo registos isentos de religiosidade, como, por exemplo, o relatório de Plínio ao imperador Trajano - fonte: Enciclopédia Larousse).
E é preciso reconhecer que, independentemente de algumas das Suas ideias serem efectivamente extraordinárias (tanto, que ainda hoje nos deixam o sonho duma utopia espiritualmente superior às leis mosaicas, que afinal continuam em parte a reger-nos), o facto de ter existido o bondoso Jehoxuá influenciou decisivamente esta nossa civilização. Reconhecimento que se espera, naturalmente, de quem nela está inserido, seja ou não cristão. Claro que uma pessoa tolerante aceita, igualmente como legítimos, calendários centralizados em figuras ou acontecimentos diferentes, se integrado noutras civilizações.
a.I. - d.I.
Quanto a sugestões para novas abreviaturas, sempre me atrevo:
Já tenho defendido que a humanidade está, nos nossos dias, a proceder a um salto qualitativo equivalente, em importância decisiva, ao que foi feito com a descoberta do instrumento manual, há mais de três milhões de anos. O novo instrumento, a ferramenta, agora cerebral, é o prodígio da Informática, na sua impressionante rapidez de processamento e no acesso quase imediato, preciso e fácil a consideráveis bases de dados. A extensão do cérebro humano, sob a forma de Informática, teve em só cerca de vinte anos uma explosão exponencial tão significativa, que foi capaz de vencer um campeão de xadrez e houve o susto de que provocasse um colapso planetário na passagem para o ano 2 000. É facto que esta nossa nova e poderosíssima `inteligência humana agrupada´ não possui ainda a criatividade do cérebro humano sequer individual, mas (no seu `autodesenvolvimento´, e quando tiver elementos com a dimensão próxima das células do nosso cérebro, vasta memória virtual, resolução e `multiprocessamento´, que permitam variadas associações simultâneas, em tempo real) nem podemos imaginar o que a Informática irá trazer-nos futuramente.
Tive conhecimento dum programa que põe já o computador a reconhecer a minha voz e pode substituir uma estenodactilógrafa, convertendo imediatamente o meu ditado em linguagem escrita... É irrealismo pensar num `sistema informático´ que, além de ajudante de trabalho que já é (hoje às vezes ainda obtuso no erro e na facilidade com que fica `pendurado´...) nos venha rapidamente a servir de interlocutor até afectivo, capaz de nos entender nas entrelinhas das insuficiências e grandezas da alma humana, capaz de ser um bom companheiro (ou um inimigo)?
Então, numa projecção de séculos, os nossos vindouros poderão considerar mais significativos estes nossos tempos, como origem de contagem duma nova era, e fazer a sua classificação em, por exemplo: a.I. (antes do advento da Informática), d.I. (depois do advento da Informática). Assim, o nascimento de Cristo, nestas referências, seria indicado aproximadamente por 2 000 a.I (e o de Platão por 2 427 a.I., o de Moisés por 3 250 a.I., o de `Akhenaton´ por 3 350 a.I., etc.).
Ao seu dispor,