Trata-se de uma pronunciação que é muito anterior à que atualmente cada vez mais pessoas em Portugal tendem a ter.
Antigamente, entre a maioria da população portuguesa, o r inicial – em rolha – e o que ocorre no meio de uma palavra – representado na escrita por rr como em parra – soava como o rr múltiplo do espanhol (por exemplo, em párrafo), o qual, em terminologia linguística, é identificado como uma consoante vibrante apical múltipla. Hoje, muitos falantes, sobretudo os mais jovens, produzem-no como se fosse um r à francesa («como se arranhasse a garganta»), isto é, como uma vibrante uvular múltipla.
A razão desta mudança encontra-se, por um lado, na evolução natural (ou deriva) do sistema fonológico do português e, por outro, na variação regional, pois este tipo de r – terá surgido no litoral, sobretudo na região de Lisboa, donde se espalhou para o resto deste país. Observe-se que o r simples de cara não se alterou, continuando a ser uma consoante uma vibrante apical simples.