O Dicionário da Academia e o Grande Dicionário da Língua Portuguesa (GDLP) da Porto Editora permitem-nos verificar como se pronuncia a maioria dos verbetes que os constituem, ou, pelo menos, registar a(s) pronúncia(s) dominante(s).
No caso de horário, o GDLP aponta duas pronúncias alternativas, uma com o o inicial pronunciado como /u/, e outra com o mesmo o fechado, como em ovo. No Dicionário da Academia, apenas esta última pronúncia é registada.
Creio, no entanto, que a pronúncia de horário se não esgota nestas duas possibilidades, havendo zonas do país em que aquele o é aberto, talvez por analogia com hora.
É comum, como regista, haver diferentes pronúncias para uma mesma palavra, sendo muitas vezes geográfica a razão dessa diferença. Recordo apenas a pronúncia de dezoito, ou de comboio. Aliás, esta última não tem acento gráfico precisamente por lhe ser reconhecida a diversidade fonética! No entanto, nem sempre é possível, ou mesmo curial, condenar uma das pronúncias. Há casos, é certo, em que a pressão social inibe algumas pronúncias mais marcadas regionalmente, associadas a um certo tipo de provincianismo e propícias à anedota, esse eficaz freio social…
Quanto ao facto de a palavra ser acentuada graficamente, isso não impede que tenha outras sílabas com vogal mais aberta, desde que não seja pronunciada como se fosse a mais forte. Nunca ouvi pronunciar horário como se a primeira sílaba fosse a mais forte.
Há mesmo palavras que não permitem o fechamento ou apagamento de sílabas secundárias, como almocreve; almoço, facilmente, etc. Outras palavras há que já tiveram acento secundário e face às quais continuo a sentir como estranhíssima pronúncia apagada dessa sílaba secundária. É o caso de sozinho, quando ouço pronunciá-la como /suzinhu/… E somente?