Desde há muito que há variação na pronúncia das palavras em apreço.
O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa de 1940, associava, como marcas ortoépicas (isto é, relativas à boa pronúncia), as indicações «(èt...)» a espectáculo e expectativa, e «(èt... ô)» a espectaculoso e espectador; ou seja, as palavras grafavam-se com um c que era mudo, pois não se verificava a articulação da consoante correspondente (símbolo fonético [k]). Décadas mais tarde, Rebelo Gonçalves no seu Vocabuário da Língua Portuguesa (1966) regista as mesmas palavras com a indicação de que têm um [k] nas «condições das Bases Analíticas VI do Acordo Ortográfico de 1945, isto é, em casos «em que não é invariável o seu valor fonético e ocorrem em seu favor outras razões, como a tradição ortográfica, a similaridade do português com as demais línguas românicas e a possibilidade de, num dos dois países, exercerem influência no timbre das referidas vogais: [...] espectáculo [...]».
Com a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, aceitam-se as duas pronúncias – com e sem [k] –, pelo que, atendendo ao reforço do critério fonético na nova ortografia,* as palavras podem escrever-se com ou sem c [mas sempre com e aberto na sílaba átona -pe(c)-]: espectador/espetador; expectativa/expetativa (ver Vocabulário Ortográfico comum da Língua Portuguesa).
* A Nota Explicativa ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 sublinha o seguinte: «Pode dizer-se ainda que, no que respeita às alterações de conteúdo, de entre os princípios em que assenta a ortografia portuguesa se privilegiou o critério fonético (ou da pronúncia) com um certo detrimento para o critério etimológico. É o critério da pronúncia que determina, aliás, a supressão gráfica das consoantes mudas ou não articuladas, que se têm conservado na ortografia lusitana essencialmente por razões de ordem etimológica. É também o critério da pronúncia que nos leva a manter um certo número de grafias duplas do tipo de caráter e carácter, facto e fato, sumptuoso e suntuoso, etc.»