Existem, pelo menos, em grande parte dos dialectos do português europeu, incluindo a norma-padrão, em posição intervocálica. Segundo Maria João Freitas, "O conhecimento fonológico" (in Inês Duarte, Língua Portuguesa: Instrumentos de Análises, Lisboa, Universidade Aberta, 2000, pág. 231), trata-se de alofones dos fonemas /b/, /d/ e /g/:
[H]á alguns fonemas com mais do que uma realização fonética possível (alofones): é o caso de /b/, com os alofones [b] e [β]. Em seguida, enunciam-se alguns fonemas do português que apresentam mais do que uma realização fonética possível, os alofones desse fonema, identificados pela não alteração de significado após a comutação dos sons:
Exemplos de alofones no português
Pares mínimos Ortografia Fonemas e respectivos alofones
[ˈabɐ]/[ˈaβɐ] <aba>/<aba> /b/ - [b]/[β]
[ˈfadɐ]/[ˈfaðɐ] <fada>/<fada> /d/ - [d]/[ð]
[ˈagɐtɐ]/[ˈaγɐtɐ] <ágata>/<ágata> /g/ - [g]/[γ]
Sobre os sons [β], [ð] e [γ], a mesma investigadora esclarece o seguinte (ibidem, n. 26):
Em termos articulatórios, os sons dos pares [b]/[β], [d]/[ð] e [g]/[γ] são semelhantes entre si, excepto no tipo de obstrução à passagem do ar na cavidade oral: [b, d, g] são oclusivas, logo, são produzidas com obstrução total; [β, ð, γ] são oclusivas fricatizadas, ou seja, são produzidas com aproximação mas não com o toque dos articuladores.