Trata-se de uma palavra de origem obscura (cf. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de José Pedro Machado e Dicionário Houaiss), que em Portugal significa genericamente «criança, menino».
Curiosamente, há mais de cem anos, o lexicógrafo português Cândido de Figueiredo observava no seu Novo Dicionário da Língua Portuguesa que pirralho era ao mesmo tempo um brasileirismo e um provincianismo da Beira, atribuindo-lhe, além da aceção já referida, a de «homem de pequena estatura»,.
Refira-se que o filólogo Oscar de Pratt, num artigo de 1926 ("Notas à margem do Novo Diccionario", Revista Lusitana, XVI, pág. 264), comentando o dicionário de Cândido de Figueiredo, registou que o vocábulo era também usado no Minho. Outro estudioso da primeira metade do século XX, Urbano Canuto Soares ("Subsídios para o cancioneiro do arquipélago da Madeira", Revista Lusitana, XVII, 1928, pág. 157) igualmente assinalava no arquipélago madeirense o uso de pirralho como o mesmo que «homem pequeno».
Observe-se que uma consulta do Corpus do Português de Mark Davies, no qual se reúnem textos portugueses e brasileiros, literários e não literários, só faculta resultados de pirralho em textos brasileiros dos séculos XIX e XX, não constando ocorrências em textos do português de Portugal. Este resultado parece, portanto, reforçar a tese de que o vocábulo estaria conotado com os dialetos brasileiros e que a sua circulação em Portugal seria mais tardia. Mas, supondo que os textos brasileiros sempre foram mais permeáveis à linguagem popular do que os portugueses, faltam elementos que contrariem a possibilidade de pirralho também se usar há muito em Portugal, em registos dialetais, sem refletir a influência do Brasil.