A razão da diferença deve-se a usos que se fixaram, com distintas motivações semânticas e lexicais.
São expressões usadas em Portugal que designam maneiras diferentes de movimentar o dinheiro depositado numa conta bancária: numa conta à ordem são permitidos levantamentos (até um certo limite) e outras operações diariamente; numa conta a prazo, não se movimenta o depósito durante determinado período acordado1. Seria, portanto, lógico pensar que estas locuções tivessem estrutura semelhante, como parece subentender a consulente, atendendo a outros casos: por exemplo, as expressões «foto a preto e branco» e «foto a cores» têm em comum a preposição a seguida de nomes sem artigo definido.
Contudo, «à ordem», ao contrário de «a prazo», exibe a contração à, resultante da crase da preposição a com o artigo definido a, evocando semanticamente outra expressão, também ela fixa, «à disposição», em que ocorre a mesma contração. Falamos, portanto, de uma conta (bancária) que está à nossa disposição/ordem.
Quanto a «a prazo», marca esta expressão duração e agrupa-se a outras que concretizam o período de espera: «depósito a prazo», «depósito a seis meses» ou, conjugando as duas fórmulas, «depósito a prazo a seis meses».
1 No dicionário Infopédia, «à ordem»: «diz-se dos valores que estão guardados no banco e que podem ser levantados em qualquer altura». No dicionário Houaiss, lê-se que «à ordem» significa apenas «que pode ser transferido por endosso; endossável», não configurando, portanto, o uso que se dá à expressão em Portugal, o que se entende, porque no Brasil, a expressão usada em contexto bancário é conta-corrente. Relativamente à locução «a prazo», os mesmos dicionários atestam-na como expressão fixa que significa «em prestações; a crédito».