A relação sonora que se possa estabelecer entre vivida e pensada não chega a constituir uma rima. Com feito, falta um elemento importante, que é ocorrer o mesmo som vocálico a partir da última sílaba tónica dos versos que rimam.
Por exemplo, em duas estrofes do poema do jogral medieval Martim Codax:
Eno sagrado, en Vigo,
bailava corpo velido:
amor hei!
En Vigo, no sagrado,
bailava corpo delgado:
amor hei!
na primeira estrofe, a rima estabelece-se entre Vigo e velido, palavras com as mesmas vogais finais – i-o –, mas consoantes diferentes – g-d. Na segunda estrofe, a terminação é igual: -ado. Estes caso mostram como a relação rimática é determinada pela correspondência vocálica, a partir da vogal que ocorre na última sílaba tónica do verso. Com as palavras graves, a consoante no meio pode ser diferente (rima toante, como na primeira estrofe acima) ou igual (rima consoante, como na segunda estrofe).
Sendo assim, infere-se que vivida e pensada não são palavras que rimem, justamente porque as vogais tónicas são diferentes. Acrescente-se que E. Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, 2003, p. 640) define rima tendo em conta a identidade vocálica nas últimas sílabas dos versos de um poema: «Chama-se rima a igualdade ou semelhança de sons pertencentes ao fim das palavras, a partir da sua última vogal tônica.»