A forma correta é credência, e não "cardência".
De facto, se pesquisarmos na Internet por cardência, percebemos que se trata de um móvel que pode ou não ter espelho e gavetas, e diríamos que se assemelha a uma consola ou aparador. Contudo, os dicionários não atestam este substantivo.
Aquilo que se encontra é credência, que provém do italiano credenza (século XVIII), e denota vários tipos de móvel: na liturgia, uma «pequena mesa junto ao altar, onde se colocam as galhetas, o cálice, o missal, às vezes paramentos, acessórios necessários à missa e demais ofícios religiosos», uma «mesa em que se recebiam as ofertas dos fiéis, nas basílicas antigas», um «nicho de pedra ou madeira, com mesa para escrever, nos corredores de alguns conventos»; além disso, um «aparador ou mesa onde se provavam os pratos preparados para o rei ou para outros dignitários da corte, a fim de verificar se não continham veneno»; uma «espécie de armário onde se depositavam iguarias, vidros, objetos que deviam servir à mesa do rei»; e, por extensão de sentido, de um «aparador ou mesa em sala de jantar e onde se põem objetos que se devem utilizar durante a refeição; bufete» (Dicionário Houaiss).
Portanto, apesar de haver quem chame "cardência" a este móvel, esta forma constitui uma deturpação de credência, denominação correta e atestada tanto em português de Portugal como em português do Brasil.