Os elementos que foi possível reunir para esta resposta não são muito conclusivos.
José Pedro Machado (JPM), no seu Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, propõe que, assim como o topónimo Avô (distrito de Coimbra) é derivável de avô, também o topónimo Avó (que ele localiza em Arouca, Oeiras, Penafiel e Resende) terá origem no substantivo comum avó, «em referência a mulher idosa residente nesses locais». Contudo, o mesmo autor não descarta que quer Avô quer Avó tenham origem céltica, «em vocábulo aparentado com o nome do rio Ave».
Consultando o Visualizador de Informação Geográfica do Centro de Informação Geoespacial do Exército (CIGeoE-SIG), verifica-se, porém, que, em Portugal continental (mas não exatamente nos concelhos referidos por JPM), se podem localizar seis topónimos com a forma Avó, figurando esta sozinha ou associada a palavras de classificação toponímica: Avó (Castro Daire), Casal da Avó (Santarém), Fonte da Avó (Póvoa de Lanhoso e Idanha-a-Nova), Lomba da Avó (Castro Daire), Monte Avó (Matosinhos). Regista-se ainda um sétimo topónimo, uma Quinta da Avozinha, em Ponte da Barca. É bem provável que alguns destes casos tenham origem em avó – talvez Casal da Avó, em Santarém, e Quinta da Avozinha, em Póvoa de Lanhoso. Contudo, não se descarta que Avó e Lomba da Avó, que denominam dois lugares vizinhos e situados não longe do curso do rio Paiva (na freguesia de Gafanhão, em Castro Daire), disfarcem outra origem, não necessariamente céltica, como sugere JPM, mas não relacionável com a palavra avó. Quanto a Fonte da Avó, as duas hipóteses – a filiação em avó ou noutro vocábulo perdido ou pertencente a outro estrato linguístico – são pertinentes. Finalmente, a respeito de Monte Avó, o facto de, neste topónimo, ocorrer Avó sem preposição – apesar da variante Monte d'Avó – permite julgar que Avó é nome próprio sem conexão com o referido vocábulo comum, o que torna legítima a omissão do artigo definido, como acontece em topónimos como Monte Córdova ou Monte Castelho (Lousada).
Se Avó tiver alguma relação com Ave, que é o nome de um conhecido e importante rio do Norte de Portugal, é de propor como hipótese que a origem se encontre numa forma não documentada – *AVOLA ou *ABOLA, ou, mesmo homónima ou parónima do étimo de avó – *AVIOLA ou *ABIOLA. Tudo isto terá sentido, levando em conta que é frequente certos afluentes ou nomes de lugar receberem nomes que são diminutivos do nome de um rio principal: Ave/Vizela (de AVICELLA); Vouga/Vouzela (de *VAUCELLA); Paiva/Paivô (de *PAIVOLO?). Poderia depois supor-se que a evolução se tivesse processado conforme este esquema: *AVOLA/*ABOLA/*AVIOLA/*ABIOLA > Avola > Avoa > Avó. Mas tudo isto são conjeturas, que necessitam ainda mais investigação, com o risco de esta se revelar inconclusiva, se envolver o período anterior à assimilação do latim nos territórios que constituem hoje o Norte de Portugal.