A palavra está registada no Dicionário Houaiss como homoscedástico, «que apresenta a mesma variação ou dispersão; que tem a mesma variância», termo que provém do «ing[lês] homoscedastic, "que tem padrão igual de variações estatísticas", do gr. homós, ê, ón, "semelhante, igual" + gr[ego] tar[dio] skedastikós, "capaz de espalhar" < skedastós, ê, ón, "capaz de ser espalhado, dispersado" < v[erbo] gr[ego] skedázó ou skedánnumi, "espalhar, dispersar"».
Dir-se-ia, portanto, que a forma homocedástico está incorrecta. Não é bem assim que acontece, porque, tratando-se de palavra de origem grega, é necessário atender a certos critérios na passagem ao português. Com efeito, em M. ª Helena T. C. Ureña Prieto et al., Do Grego e do Latim ao Português (Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian/Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, 1995, p. 70), estipula-se que nos casos «[...] em que o grupo σκ- vem seguido de ε, η, ι ou υ [...], verifica-se a queda do σ inicial em português.
σκεπτικóς *scepticus céptico
Σκηνή scena cena
Σκύθαι Scythae Citas
Σκύλλα Scylla Cila»
Os exemplos incluídos na citação mostram que, embora a latinização mantenha a sibilante correspondente ao σ (sigma) inicial, em português essa consoante desaparece. É certo que todos estes exemplos apresentam σκ- em começo de palavra, e não no meio. No entanto, tendo em conta que, num derivado como contracena, cena não recupera essa sibilante etimológica (é incorrecta a forma "contrascena"), parece lícito formar o composto homocedástico, também sem a sibilante etimológica. A forma inglesa tem esse s, porque conserva o grupo σκ- na ortografia (e por vezes na pronúncia) dos helenismos: sceptic, scene, Scythian, Scylla.