1. O texto argumentativo — ou sequência discursiva de tipo argumentativo1 — observa sempre dois movimentos: defesa da veracidade ou justeza de um estado de coisas (conclusão, C) e apresentação de razão (argumento, A).
A ordenação no textos destes dois movimentos pode ser sequencial (A-C ou C-A) ou entrosada (A-C-A-C; C-A-C-A) e cada movimento pode ser simples (se integra apenas um acto de composição textual2) ou complexo (se integra vários actos de composição textual). A transição A-C assenta numa garantia ou pressuposto, que vai beber ao senso comum e à tábua de valores socialmente aceite.
Basicamente, a sequência argumentativa responde à pergunta «Porque é que dizes isso?», mesmo que esta pergunta não seja (como muito frequentemente não é) explicitamente realizada.
Vejamos duas possibilidades de redução máxima dos dois movimentos constitutivos da argumentação.
«Digo isto porque, assim, alunos e professor podem dialogar melhor.» = Argumento
«Todos dialogam melhor» (Argumento)
→ «O diálogo na sala de aula é fundamental» (Pressuposto)
→ «Disposição em U, sim» (Conclusão) |
«Digo isto porque, assim, os alunos são tentados a copiar nos testes.» = Argumento
«Os alunos podem copiar» (Argumento)
→ «Copiar nos testes é prejudicial» (Pressuposto)
→ «Disposição em U, não» (Conclusão) |
2. A sequência argumentativa não tem conectores privativos. Aqueles que têm alta probabilidade de ocorrência são os conectores que estabelecem relação de causa (porque, dado que, visto que); de consequência (daí que, por isso, portanto), de expansão de tópico (com efeito, sem dúvida, efectivamente), de relação de semelhança (do mesmo modo, igualmente), de exemplificação (por exemplo, particularmente, designadamente, nomeadamente), de conclusão (por todas estas razões, em síntese, definitivamente).
1 Verifica-se que, nos discursos reais, o mais provável é uma produção textual contemplar sequências de diferentes tipologias: o género do discurso publicitário pode contemplar sequências explicativas e argumentativas; o género do discurso narrativo pode integrar sequências descritivas e argumentativas; por sua vez, o sermão integra sequências narrativas, descritivas e argumentativas, entre outros exemplos possíveis.
2 São actos de composição textual a planificação, a reformulação, a avaliação, a clarificação, a reorganização, reorientação, o relançamento, a condensação, a réplica, a retoma, a elaboração, a generalização, a analogia, a ilustração, etc., sendo que os tipos de articulações privilegiados são a implicação, a condicionalidade e a causalidade.