Chaïm Perelman (1993)1 é autor da mais divulgada sistematização dos principais procedimentos argumentativos. Além disso, é com Perelman que se instala a identificação da retórica (a antiga arte de persuadir e convencer) com a teoria geral do discurso que visa ganhar a adesão, intelectual e emotiva, de um auditório.
Perelman apura:
1. Argumentos quase lógicos
equivalentes à definição ou análise de um conceito;
– argumentos de justiça:
correspondentes à assunção de que os seres de uma mesma categoria devem ser tratados de uma mesma forma;
– argumentos de reciprocidade:
consistem em colocar-se no lugar de outro ou na fusão de duas entidades ou situações;
– argumentos de inclusão:
resultam em afirmar que o que é válido para o género também o é para a espécie;
– argumentos de divisão:
apresentam-se sob a forma de dilema.
2. Argumentos baseados na estrutura do real
– argumentos por ligações de coexistência (relações entre a pessoa e os seus actos, juízos ou obras);
– argumentos de autoridade (raciocínio que se apoia no prestígio de um indivíduo, ou grupo de indivíduos — cientistas, filósofos, etc. —, mas também numa opinião unânime, num parerer comum, ou então em axiomas da física, da religião, etc.);
– argumentos de ligação simbólica (relação entre o símbolo e o que ele evoca);
– argumentos de dupla hierarquia (raciocínio que permite concluir a respeito da superioridade dos meios a partir da superioridade dos fins).
3. Argumentos fundadores da estrutura do real
– argumentos pelo modelo ou antimodelo (apresenta-se um caso particular como um modelo a seguir ou apresenta-se um modelo negativo para induzir o comportamento oposto);
– argumento por analogia (cria uma similitude entre duas realidades).
4. Argumentos por dissociação
1 PERELMAN, Chaïm (1993) — O Império Retórico — Retórica e Argumentação, Porto, ASA