Os dois esquemas de divisão silábica apresentados correspondem a perspetivas e finalidades diferentes
Quando se faz a separação de uma palavra em sílabas, procede-se a uma análise fonológica. Para isso, podemos socorrer-nos da transcrição fonética – p. ex. [vɐ.so.ɾɐ] – ou da própria ortografia, mas, neste caso, não como se estivéssemos a translinear (situação em que, aqui, sim, faria sentido separar os dois ss), mas considerando o segmento fónico a que corresponde cada letra ou associação de letras. Sendo assim, dado que ss representam um só segmento pronunciado, [s], então, a notação da divisão silábica não separa ss, pelo que o esquema de divisão silábica terá o seguinte aspeto:
va.ssou.ra
Convém repetir que se separam os dois ss apenas se o pretendido é dividir a sequência gráfica para efeitos de translineação. Neste caso, a separação é de facto a seguinte:
vas-sou-ra
porque com ela se indica o procedimento a adotar na translineação, sendo um deles, com separação dos dois ss:
vas-
soura
No contexto escolar, nos primeiros anos de escolaridade, é bem capaz de ser mais vantajoso insistir no esquema destinado à translineação, porque o esquema da divisão silábica, embora ocorra em obras de apoio ao conhecimento explícito da língua, me parece suscetível de criar alguma confusão entre os alunos, que podem tomar um pelo outro e cometer erros de translineação, como, por exemplo (o * marca incorreção):
*va-
ssoura