Maria Helena Mira Mateus e outros, na Gramática da Língua Portuguesa (2003), p. 34, tecem a seguinte reflexão sobre o tema: «os seus diferentes usos [da língua] no espaço e no tempo revelam existência de variação nos diversos módulos da gramática da língua permitindo, assim, em função quer de factores internos quer externos à língua, a caracterização de dialectos regionais, de sociolectos e de idiolectos ou registos individuais».
Deste modo, idiolecto será, de acordo, por exemplo, com o Dicionário de Termos Linguísticos da Associação de Informação Terminológica, o «sistema linguístico de um indivíduo. Hábitos discursivos de um indivíduo realizados numa variedade específica, num dado espaço de tempo». A Infopédia complementa e especifica esta definição geral, referindo que se trata do «conjunto dos hábitos linguísticos típicos de um determinado indivíduo que contribuem para a sua caracterização linguística pessoal. Conhecimento linguístico individual e sistemático actualizado numa regularidade de utilização de estruturas fonéticas, morfológicas, sintácticas e discursivas. O idiolecto enquadra-se na variação individual da língua. É muitas vezes interpretado como estilo. Um exemplo de idiolecto no domínio literário é a expressão "chique a valer" que caracterizava a personagem Dâmaso, na célebre obra queirosiana Os Maias. A utilização de galicismos ou anglicismos pode também ser um hábito linguístico individual em pessoas que tenham emigrado ou que possuam uma influência muito forte dessas línguas estrangeiras na sua formação cultural».
Por outro lado, pode-se definir sociolecto (ou dialecto social) como sendo «cada uma das variedades de uma língua usadas pelos grupos de indivíduos que, tendo características sociais em comum (p. ex., a profissão, os passatempos, a geração, etc.), usam termos técnicos, ou gírias, ou fraseados que os distinguem dos demais falantes na sua comunidade» (Dicionário Houaiss).
Finalmente, o dialecto, de acordo com Cunha e Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo, pp. 4-5), é a «variedade regional da língua, não importando o seu maior ou menor distanciamento com referência à língua-padrão». Assim, por exemplo, no que diz respeito ao português europeu, os referidos gramáticos (op. cit., pp. 10-11) listam três grandes grupos de dialectos: os galegos (Galiza), os setentrionais (região norte de Portugal) e os centro-meridionais (região sul). Refira-se que esta classificação, segundo Cunha e Cintra, «parece ser apoiada pelo sentimento dos falantes comuns do português-padrão europeu, isto é, dos que seguem a norma ou conjunto dos usos linguísticos das classes cultas da região Lisboa-Coimbra». A este propósito, veja-se também Mateus e outros, op. cit., p. 43.
N.E. – Socioleto e dialeto – assim como atualizado e caraterísticas – passaram a escrever-se sem o "c", depois do Acordo Ortográfico de 1990.