Nada é o pronome indefinido invariável (e mais raramente um advérbio) que significa «nenhuma coisa» ou, em frases interrogativas negativas, «alguma coisa».
A questão que levanta é, de facto, controversa e complicada, tendo já sido, este fenómeno do português, abordado por alguns dos melhores semanticistas e sintacticistas portugueses. A dúvida, de cada vez que nos deparamos com uma das frases apresentadas, é: se existem duas negativas, porque é que uma não anula a outra, transformando a frase negativa numa frase afirmativa? A resposta é que em Português existe um fenómeno denominado concordância negativa, que faz com que, sempre que um pronome indefinido apareça depois do verbo, aquele deverá concordar com o advérbio de negação.
Assim:
1) «Eu não quero nada»
2) «Eu não preciso de nada
3) «Eu não vi ninguém»
4) «Eu não tenho nenhum»
A última negativa não é negada pela primeira, mas antes reiterada.
Porém, sempre que o pronome indefinido surge antes do verbo, este fenómeno já não tem lugar.
5) «Nada me vai parar»
6) «Ninguém diz nada»
Assim, em parte o que diz está certo. Seria mais lógico (porque mais simples) dizer «eu quero ser nada» ou «eu quero nada», mas nem sempre uma língua obedece àquilo que é lógico.