Relativamente à concordância com o quantificador universal todos, aconselha-se a consulta da resposta sobre esse caso, em que se pode verificar que todos (e ambos) podem ser seguidos de pronomes pessoais (nós, vós, eles e elas) e/ou demonstrativos (estes, esses, aqueles), o que implica a respectiva concordância da forma verbal.
Portanto, pressupõe-se que na frase «Todos vamos à praia» tenha havido a omissão do pronome nós («Todos nós») — que está aí subentendido — para que a forma verbal ocorresse desta forma. Trata-se, assim, de uma situação de elipse — uma vez que estamos perante uma situação de «omissão de uma expressão que o contexto linguístico ou a situação permitem recuperar» (Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa, 5.ª ed., Lisboa, Caminho, 2003, p. 871) —, conduzindo, por sua vez, a um caso de silepse de pessoa, o que não corresponde a uma situação de erro ou incorre{#c|}ção gramatical. Repare-se na explicação formulada pelos gramáticos Cunha e Cintra para a silepse de pessoa — «quando a pessoa que fala ou escreve se inclui num sujeito enunciado na 3.ª pessoa do plural, o verbo pode ir para a 1.ª pessoa do plural» (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo,13.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 1997, p. 626) —, em que todos surge como sujeito num dos exemplos apresentados: «Todos entramos imediatamente.»
Quanto à questão relativa à silepse, há várias respostas sobre o assunto — A silepse na concordância com «a gente», Concordância total, parcial ou atractiva, Concordância siléptica, Concordância do verbo — que, decerto, o ajudarão a chegar a uma conclusão.