A palavra político enquadra-se em duas classes de palavras:
— substantivo/nome [«pessoa que tem responsabilidades de ordem política; pessoa que participa na vida política; homem de Estado; estadista» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora)]. Exemplos:
— adjetivo [«que pertence ou diz respeito à política ou aos negócios públicos; que diz respeito ao exercício do poder; relativo ao Estado e às relações entre Estados» (idem)]. Exemplos:
«Todo o ato é um ato político.»
Como nome/substantivo que designa «pessoa que tem responsabilidades de ordem política; pessoa que participa na vida política; estadista» (idem), político é um nome masculino, «designando indiferentemente elemento do sexo masculino ou do sexo feminino» (Maria Helena Moura das Neves, Gramática do Uso do Português, 2000, p. 152), razão pela qual não se encontra registada a forma feminina (o que só acontece com o adjetivo). Trata-se, decerto, de um dos casos de profissões e de cargos que eram, até há pouco, restritas ao sexo masculino e exercidas por homens. Por isso, como nome, tem caraterísticas dos substantivos sobrecomuns, os «que têm um só género gramatical para designar pessoas de ambos os sexos» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 196).
Por isso, para se evitarem suscetibilidades, é comum optar-se pelo uso do adjetivo, que, esse, sim, flexiona em género e em número, concordando com o substantivo/nome a que se refere. Por exemplo:
«A deputada é uma excelente estratega política.»
Nota: É de referir que este é um dos casos de «substantivos com significados diferentes conforme o género» (Gramática do uso do Português, ob. cit., p. 152), pois o político (n. m.) e a política não correspondem às formas masculina e feminina da mesma palavra. Como bem sabemos, o termo política (n. f.) designa «ciência ou arte de governar; orientação administrativa do governo; princípios diretores da ação de um governo», conjunto dos princípios e dos objetivos que servem de guia a tomadas de decisão e que fornecem a base da planificação das atividades em determinado domínio; tática» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, ob. cit). Trata-se, portanto, de um substantivo/nome abstrato. Exemplos:
«A política morreu. Não há política, porque só há economia» (Ricardo Araújo Pereira).
«Privilegiar a força e o autoritarismo é uma má política.»
«Teve dificuldade em compreender a política dessa empresa.»
«Ouve os outros, e só depois deves decidir! É uma boa política.»
Por isso, ao usar-se o adjetivo feminino política [«Ela tem natureza política»] e o nome/substantivo política [«A política do empréstimo não me convence»], estamos perante palavras homónimas (grafia e pronúncia iguais, mas semanticamente distintas).