DÚVIDAS

O uso do futuro e do condicional para indicar suposição
Um amigo brasileiro disse-me que não entendia a utilização do futuro do verbo ter para indicar uma suposição. Por exemplo, neste excerto: «(...) foi no quarto onde terá acontecido o acidente que (...)», o verbo ter aparece aqui como verbo auxiliar, com esse sentido. Gostaria de saber mais em pormenor que caso gramatical é este, e se é, de facto, uma diferença entre a norma linguística portuguesa e a norma brasileira.
Os contextos do verbo contrair
Tenho lido na imprensa desportiva e também ouvido nas rádios e nas televisões frases como «o jogador tal contraiu uma lesão» e, em casos mais específicos, «fulano contraiu uma entorse» ou «contraiu um traumatismo», por exemplo. É correcto escrever-se ou falar-se desta forma? Eu sempre pensei que se contraíam doenças, viroses, virus, etc. E, por conseguinte, que se sofrem lesões...Muito obrigado.
O uso da palavra hipotisar no meio jurídico
«[...] nem pode deixar de se hipotizar [...] que a causa de morte nada tenha a ver com um confronto físico ainda que este confronto tenha ocorrido (nada se sabe sobre o eventual desenrolar do confronto, e trata-se de uma morte compatível com uma queda de pequena altura), nem pode deixar de se encarar como possível (tão possível como a hipótese relatada na acusação) a do envolvimento do marido da Arguida nos factos» (Acórdão do Tribunal de Relação de Guimarães). «Poderá assim hipotizar-se a questão de os factos denunciados estarem relacionados com o exercício da função que o mesmo assistente aduz exercer» (Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça). No meio jurídico a palavra "hipotizar" é muito utilizada. A psicologia parece que também não se inibe de aplicá-la. Os vários dicionários que pesquisei (Academia das Ciências, Houaiss, Verbo, etc.) não a referem. Estrangeirismo? Neologismo? Ou coisa de advogados e juízes?
Infinitivo subjectivo e oração copulativa
«O escritor é um alvo fácil: a apreciação de um pintor exige um perito e dizer mal de um músico é coisa de especialista. Mas todos criticam o escritor.»1— «e dizer mal de um músico é coisa de especialista»: uma ou duas orações?2— se «e dizer mal de um músico» é uma oração, como se classifica? Coordenada copulativa? Subordinada completiva não finita/infinitiva?Obrigado.
Visar = querer, almejar, anelar
Notei que em Portugal, como acontece no Brasil, parece ser comum também dar ao verbo visar a acepção transitiva no sentido de «querer, almejar, anelar»: «As formas em -aes visam o mesmo efeito, e podem justificar-se na maioria dos nomes em apreço como grafias que documentam o hiato ae por supressão de um -l- intervocálico.» (escrita de Novaes e outros nomes próprios). Não precisam publicar esta minha constatação, já que não vai, como diz o próprio nome, duma constatação e não é a minha intenção corrigir ninguém ou que alguém faça uma "retratação".
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa