Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Classe de palavras: substantivo
António Cabral Reformado São Brás de Alportel, Portugal 455

Envio breve citação da obra de Aquilino Ribeiro, Terras do Demo:

«Para mais, veio longe o Inverno, cedo saindo das profundas, onde o Diabo o gerou para tormento da Serra, com borrifos, ventania e o carujo lá em cima, entre as barrocas, a fazer manta aos lobos para dizimar os rebanhos. E com ele veio o taró que corta as orelhas e os beiços e o suão que parece uma navalha de salteador a picar, lento e malvado, o corpo todo. Mal se podia arredar passo fora de telha. À noite, no serão — que para poupar creosende Rosa amalhoava com outras na sua loja — todas clamavam que era castigo de Deus pelos muitos pecados dos homens, e que temporais tão duros só podiam ser sinal de fim do mundo. Mimosos e felizardos os que tinham os cabanais bem providos de lenhas, e não lhes faltava carniça e salpicão na salgadeira e batata farinhota no monte!» Terras do Demo, p. 59

O que significa «fazer a manta» neste contexto?

Muito Obrigado.

Florence Caudrillier Reformada Camon, França 423

Sou francesa e ando a estudar português.

Não sei bem como pronunciar a terminação "ie" em palavras como superfície, calvície, cárie, lingerie.

 É a mesma pronúncia que a terminação "i" nas palavras aqui, javali, táxi, álibi?

Devemos ouvir um pouco a letra e? Ou a pronúncia do i em ie é mais longa por causa do e final?

Ou a pronúncia do i e do e em ie são diferentes se o i for tónico ou átono?

Muito obrigada pela sua resposta e disponibilidade.

Sávio Christi Ilustrador, quadrinista, escritor, pintor, letrista e poeta Vitória (Espírito Santo) , Brasil 505

O elemento autor-, das palavras autorização, autoridade e autoritarismo tem a mesma origem (etimologia) do que auto-, prefixo de termos como automóvel, autodidática e autocontrole?

As formas autor- e auto- são cognatos na realidade?

Muitíssimo obrigado!

Susana Salomé Vieira Pereirinha Tendinha Professora Portimão, Portugal 917

Tenho encontrado em vários registos escritos, nomeadamente na imprensa, a expressão «deu aval positivo».

Pergunto-me se não será uma redundância evitável, na medida em que «dar o aval» já pressupõe autorizar ou concordar e ninguém dá aval negativo.

Agradeço, desde já, o esclarecimento.

Leonardo Pinto Silva Tradutor São Paulo, Brasil 578

Os sete livros que compõem a obra-prima do norueguês Jon Fosse saíram em Portugal com o título Septologia, e não "Heptalogia", como seria a forma mais comum de se referir a uma coletânea de sete unidades.

Pesquisei bastante e tudo a que cheguei em relação ao radical septo- aponta para acepções anatômicas ou biológicas, não numéricas.

O que teria levado a prestigiosa editora que lançou o volume a optar por esse título?

Agradeço a atenção da resposta.

Margarida Ferreira Técnica de compra de materiais e de contratação reformada Odivelas, Portugal 1K

Na carta de Pero Vaz de Caminha a D. Manuel, segundo parece, lê-se o seguinte:

«A feição (dos índios do Brasil) é serem pardos, um tanto avermelhados [...]. Os cabelos deles são corredios […]. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte, na parte detrás, uma espécie de cabeleira de penas de ave amarela […] mui basta e mui cerrada que lhe cobria o toutiço e as orelhas.»

Qual o significado de solapa?

Sávio Christi Ilustrador, quadrinista, escritor, pintor, letrista e poeta Vitória (Espírito Santo) , Brasil 1K

A palavra off (desligado ou fora) leva itálico em se tratando de um estrangeirismo.

Mas e quando aparece como parte de um composto, como ocorre em: «narrador em off»?

O off como partícula composta precisa perder o itálico na realidade? O narrador em off é o narrador da história que não é «visto pessoalmente», só tem a voz dele mesmo.

Muitíssimo obrigado!

Ricardo Afonso Tradutor Portugal 694

Gostaria de pedir a vossa ajuda, por favor, para fazer a análise sintática do excerto que se segue, tomando particular atenção ao sujeito e à colocação da vírgula antes do predicado:

«[…] a própria esterilização por ação direta do fogo, isto é, em termos técnicos, a flambagem (prática que não estamos muito habituados a ver, hoje, no meio laboratorial, mas que era importante nos primórdios da medicina), implica também […].»

A frase tem um sujeito simples, embora este se apresente com duas designações diferentes, sendo que a segunda («a flambagem») é uma precisão da primeira («a própria esterilização…»).

Neste caso, e ignorando o parêntese (que seria um modificador do nome?), estará bem colocada a vírgula? Tecnicamente, está a separar o sujeito do predicado, coisa que em princípio não se deve fazer, mas ao mesmo tempo isola a segunda formulação do sujeito, enfatizando a especificidade de se tratar de uma flambagem.

Se puderem esclarecer-me, fico muito agradecido.

Pedro Miguel Ferreira Machado Desempregado Braga, Portugal 808

Quais são as diferenças de significado entre os termos catástrofe e cataclismo?

Agradeço, de antemão, o auxílio.

Guilherme Roda de Miranda Estudante Brasil 431

Devo considerar o complemento «a pagar» da frase «procedam à intimação a pagar» como oração completiva nominal reduzida de infinitivo, deixando o verbo obrigatoriamente no singular?

Ou posso considerá-la como oração adverbial final, nesse caso, deixando o verbo na terceira pessoa do plural (porque, esclarecendo o contexto, a intimação é de várias pessoas)?

Grato desde já.