Pergunta:
No segmento «Diz-se que o João é bom aluno?», a oração subordinada substantiva completiva desempenha a função de sujeito, ou complemento direto?
Penso que seja de sujeito, pois o verbo que a pede tem uma partícula apassivante (= «é dito») e, por isso, o complemento nunca poderá ser direto. No entanto, quer as soluções de exercícios quer os colegas a quem coloquei a questão dizem ser complemento direto.
Resposta:
Pois é, colega! É essa uma interpretação frequente (demasiado frequente) mas errada. A colega tem razão. Essa oração subordinada substantiva é sujeito.
O que leva alguns colegas a defenderem para essa oração subordinada a classificação de complemento direto é a suposição de que o se de diz-se equivale a alguém, e que, por isso, é sujeito do verbo dizer — donde concluem que a oração que se segue seja seu complemento direto. Mas não é assim.
A frase «Diz-se que o João é bom aluno» não corresponde à frase «Alguém diz que o João é bom aluno.».
1. É evidente que o verbo desta frase, dizer, implica sempre um sujeito tácito que o seu autor, por ignorância, ou por opção, não revela. E a sintaxe, ao revelar o sentido da frase – é essa a sua função – não deve tentar adivinhar o que o autor ocultou. O que está na frase é «diz-se», e não «alguém diz».
2. O que, de facto, corresponderia ao sentido da frase seria: «É voz corrente que o João é bom aluno?» Esta alternativa manteria o carácter universalizante da forma diz-se, ao mesmo tempo que respeitava a ocultação dos seus agentes. A função sintática da oração subordinada – sujeito – seria respeitada.
3. O se, como eu venho dizendo há muito tempo, só num caso pode ser sujeito: nas orações reduzidas, como dem...