Será aceitável a expressão «dar nega» num texto noticioso? A esta pergunta tenta responder a consultora Sara Mourato, a propósito do uso da expressão numa notícia do site Executive Digest.
Licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre em Língua e Cultura Portuguesa – PLE/PL2 pela mesma instituição. Com pós-graduação em Edição de Texto pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, trabalha na área da revisão de texto. Exerce ainda funções como leitora no ISCTE e como revisora e editora do Ciberdúvidas.
Será aceitável a expressão «dar nega» num texto noticioso? A esta pergunta tenta responder a consultora Sara Mourato, a propósito do uso da expressão numa notícia do site Executive Digest.
Podemos dizer "profissionais educativos" quando nos referirmos ao grupo de pessoas implicadas profissionalmente na área da educação (professores, educadores, técnicos dos centros educativos)?
Soa-me muito estranho porque creio que o adjetivo "educativo" não deve servir para caracterizar o profissional que trabalha na área, mas sim o campo em que atua (da educação). Porém, gostaria de confirmar...
Obrigada, desde já, por esclarecerem.
Atendendo ao significado do adjetivo educativo, «que tem por objetivo formar, instruir, desenvolver capacidades; que concorre para a educação» (Dicionário da Língua Portuguesa, Academia das Ciências de Lisboa), não há nada de errado na expressão «profissional educativo». O que se infere é que este profissional é alguém que contribui para a educação, como um professor, um educador, um técnico de ação educativa, etc.
Mais comum será, e daí talvez a estranheza, referirmo-nos a estas pessoas como «profissional da área da educação», mas esta é, no fundo, a forma mais extensa de nos referirmos a um «profissional educativo». Ainda, é também comum a expressão, com o mesmo significado, de «agente educativo».
Nas construções:
«A psiquiatria, ou antes, a psicanálise...»
«É essa a nossa, ou antes, a minha hipótese...»
«Tudo isso será o passado, ou antes, já é o passado.»
a virgulação está correta?
Ou não deveria grafar-se, ao invés:
«A psiquiatria, ou, antes, a psicanálise...»
«É essa a nossa, ou, antes, a minha hipótese...»
«Tudo isso será o passado, ou, antes, já é o passado.»
Muito obrigado.
«Ou antes» constitui uma locução, cujo significado é «mais precisamente; ou melhor» (Dicionário Houaiss).
Por ser uma locução com significado próprio, não deve ter os seus elementos separados por vírgula, como são exemplo, também, as locuções «ou seja» e «isto é». Assim, o correto será destacá-la com uma vírgula à esquerda e outra à direita:
(1) «A psiquiatria, ou antes, a psicanálise...»;
(2) «É essa a nossa, ou antes, a minha hipótese...»;
(3) «Tudo isso será o passado, ou antes, já é o passado».
Repare-se que, no dicionário em referência, a locução surge entre vírgulas – «viajaram para Goiás, ou antes, para Anápolis». De facto, e de acordo com Bechara, na Moderna Gramática Portuguesa (pág. 519), uma partícula ou locução de explicação (como aqui é o caso), correção, continuação, conclusão e concessão, deve surgir entre vírgulas.
«A questão que aqui se levanta é se a atriz, de facto, disse "vão haver novidades"», alerta a consultora Sara Mourato acerca de uma deixa da atriz Fernanda Serrano na série Morangos com Açúcar e que se tornou viral nas redes sociais.
Gostaria de saber se a palavra redifusão ou resequenciador existem, visto não os encontrar nos dicionários da lingua portuguesa.
Obrigada.
Mesmo não estando atestadas em dicionários, ambas as palavras estão bem formadas, i.e., ao substantivo feminino difusão agregou-se ao prefixo latino re-, e o mesmo acontece ao substantivo masculino/adjetivo sequenciador. Este prefixo é usado com o sentido de «movimento para trás, repetição».
Consideram-se, assim, corretas as palavras em questão, que podem ser entendidas como segue:
(1) redifusão: «repetição ou retransmissão de um conteúdo de áudio ou vídeo»;
(2) ressequenciador: «algo ou alguém que realiza a ação de sequenciar novamente ou reorganizar em uma sequência específica».
Estes casos de formação de palavras, em que se agrega o prefixo re-, não preveem o uso de hífen, mas, no caso de sequenciador, temos de dobrar o s: ressequenciador (cf. Base XVI, 2, do Acordo Ortográfico de 1990).
Note-se que redifusão é uma palavra derivada por prefixação, enquando ressequenciador é derivada por prefixação e sufixação: re + sequenciar + (d)or.
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