Pergunta:
Marcello Sacco, jornalista italiano freelancer, escreve na sua crónica do Diário de Notícias, de 1 de fevereiro último a propósito da violência contra as mulheres em Itália: «Há até uma palavra nova, feminicídio, que apresentando-se como a versão feminina de homicídio, soa fatalmente a genocídio.»
Não pode soar a genocídio, que significa assassínio em massa do género e quanto à introdução da palavra nova «feminicídio» é surpreendente que tal proposta venha de um jornalista italiano.
Não temos nós latinos, o substantivo masculino (latim, uxor, esposa, mulher) e o adj. uxoricida?
Propunha que a nossa comunicação social utilizasse este substantivo quando se refere ao homicídio de esposas/mulheres. Em prol da riqueza linguística.
Acresce que o prefixo homo- tem o significado de idêntico, igual e portanto não possui género. Feminicídio só poderia ser o feminino de outra nova palavra: hominicídio.
Resposta:
Uxoricídio é o homicídio que recai ou visa a esposa.
Feminicídio é, salvo erro, um neologismo (não o localizo nos dicionários*) com um significado mais abrangente, pois tem como vítima qualquer mulher (adulta, adolescente ou infantil) e não apenas a esposa.
Hominicídio seria um neologismo ambíguo, porque tanto significaria homicídio dum varão, como homicídio duma pessoa física independentemente do género.
Na mesma linha de homicídios em que as vítimas são determinados familiares, temos os lexemas mariticídio, parricídio, matricídio e fraticídio.
Infantícídio tanto significa homicídio contra um filho (infantil, adolescente ou adulto), como contra uma criança.
Cf.