Pergunta:
"Estado acreditante" e "Estado acreditador".
Estas expressões foram adoptadas pelo texto oficial português da Convenção de Viena de 1961 sobre relações diplomáticas, mas recentemente considerou-se que seria mais apropriado optar pelo termo "receptor" em detrimento do termo "acreditador", à semelhança da terminologia encontrada nas línguas inglesa e espanhola, respectivamente "receiving State" e "Estado receptor". Argumenta-se que o sufixo "or", sinónimo do sufixo "ante" traduziria a mesma conotação de acção. A língua francesa utiliza os termos "accréditant" e "accréditaire".
Gostaria de conhecer a vossa opinião sobre o referido argumento.
Muito obrigada pela vossa preciosa ajuda.
Resposta:
Os sufixos -dor e -tor designam o agente, a profissão, o instrumento de acção (ex.: lavrador, inspector), assim como o sufixo -ante, oriundo da terminação -nte do particípio presente latino (ex.: estudante, falante). O sufixo -or tem o sentido de estado ou qualidade expressa por substantivos (ex.: amargor, frescor), e o sufixo -ante o de acção, estado ou qualidade expressa por adjectivos (ex.: radiante, semelhante).
O termo acreditador existe na língua portuguesa no sentido de "que concilia crédito", "que dá crédito, reputação", "que abona", pelo menos desde o século XVI. O vocábulo "receptor" também é vulgar na nossa língua com o sentido de "que ou aquele que recebe", "cobrador", "aquele que aceita". A palavra "acreditante" não está dicionarizada na língua portuguesa. Assim, diga-se acreditador e receptor.
Em português existem várias formas de exprimir a mesma ideia. A sua utilização varia em função dos contextos, da época (a moda também se aplica ao uso do léxico) e do gosto pessoal dos utentes.
Grata pelas suas amáveis palavras. Ao dispor,