Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Dúvidas com relação ao emprego do verbo. O certo é: "... o volume da receita bruta anual da Empresa não excedera o limite fixado no artigo..." ou o certo é "... o volume da receita bruta anual da Empresa não excedeu o limite..."?

Com relação ao verbo excedeu, qual o certo nas frases acima?

Obrigada.

Resposta:

Como as frases não estão completas, não a poderei informar se estão ou não correctas. Poderá ser utilizado qualquer dos tempos verbais.

Assim, vou construir duas frases completas, a partir dos exemplos que deu, ambas correctas, para ver se consigo ir ao encontro da sua dúvida:

1. Quando analisámos tudo, verificámos que o volume da receita bruta anual da Empresa não excedera o limite fixado no artigo x.
2. Verifico que o volume da receita bruta anual da Empresa não excedeu o limite fixado no artigo x.

Em conclusão:

– se essa forma do verbo exceder, respeitante ao passado, estiver na sequência de um verbo no presente (verifico), deverá ser utilizado o pretérito perfeito (excedeu);
– se essa forma verbal estiver na sequência de um verbo já no pretérito (analisámos, verificámos), deverá ser utilizado o pretérito mais-que-perfeito (excedera).

Pergunta:

Na frase "eu havia falo para você não comer este bolo", o verbo falar está certo desta forma?

Resposta:

Não, não está.

O particípio passado do verbo falar é “falado”: eu tinha falado, eu havia falado.

Queria acrescentar que, na frase que apresenta, se deve empregar o verbo dizer, e não o verbo falar: “Eu tinha dito que você não comesse o bolo.”

Pergunta:

Quando é que devo usar as preposições no, em, do, de e pelo?

Digo isto porque sou repórter de televisão e há frases que apresentam dúvidas de concordância.

Resposta:

As preposições que refere são: de, em e por. Do, no e pelo são formas de contracção da preposição com o artigo definido “o”.

1. A preposição utiliza-se sem contracção, se não estiver seguida de artigo. Exemplos:

a) Venho de Coimbra.
b) Vou em passeio pelo país fora.
c) Vou por montes e vales.

2. A preposição utiliza-se contraída, quando a palavra à qual ela se liga está precedida de artigo. Exemplos:

a) Venho da cidade de Coimbra.
b) Vou no passeio organizado pela empresa.
c) A pedra rolou pelo monte fora.

Pergunta:

Gostaria de saber quantos fonemas e quantos grafemas existem em português. Desde já o meu obrigado.

Resposta:

Na Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, vêm indicados 41 fonemas.
Em português, podem contar-se 42 grafemas: as 23 letras do alfabeto, 8 notações léxicas e 11 sinais de pontuação.

Pergunta:

Na frase: Se você não queria que eu fizesse a prova, não devia ter feito a prova.

Eu poderia substituir o verbo queria por quisesse e o verbo devia por deveria? Por quê?

Obrigado.

Resposta:

Pode utilizar as seguintes frases:

a) Se você não queria que eu fizesse a prova, não a devia ter apresentado.
b) Se você não queria que eu fizesse a prova, não a deveria ter apresentado.
c) Se você não quisesse que eu fizesse a prova, não a tinha apresentado.
d) Se você não quisesse que eu fizesse a prova, não a teria apresentado.

No caso das duas primeiras frases, o pretérito imperfeito do indicativo do verbo dever pode alternar com o condicional, traduzindo este uma maior delicadeza. O imperfeito do indicativo da oração subordinada (se você não queria) está em consonância com o condicional ou o imperfeito da oração principal.

No caso das duas últimas frases, ao utilizar o pretérito imperfeito do conjuntivo do verbo querer na oração subordinada condicional (se você não quisesse), o falante está a colocar a hipótese como passada, como ocorrida, na negativa, mas ocorrida, ou seja, dá como pressuposto que o seu interlocutor quis que ele fizesse a prova e lha apresentou.