Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Gostaria de saber a forma correta do verbo inserir no pretérito regular e irregular.

Resposta:

Como o verbo inserir é irregular, e o consulente não especifica que pretérito pretende, vou referir-lhe todos os pretéritos:

1. Infinitivo Impessoal Passado (ou Composto) – ter inserido.
2. Infinitivo Pessoal Passado (ou Composto) – ter inserido, teres inserido, ter inserido, termos inserido, terdes inserido, terem inserido.
3. Perfeito do Gerúndio – tendo inserido.
4. Particípio Passado - inserido (regular) e inserto (irregular).
5. Pretérito Perfeito Simples do Indicativo – inseri, inseriste, inseriu, inserimos, inseristes, inseriram.
6. Pretérito Perfeito Composto do Indicativo – tenho inserido, tens inserido, tem inserido, temos inserido, tendes inserido, têm inserido.
7. Pretérito Imperfeito do Indicativo – inseria, inserias, inseria, inseríamos, inseríeis, inseriam.
8. Pretérito Mais-que-Perfeito Simples – inserira, inseriras, inserira, inseríramos, inseríreis, inseriram.
9. Pretérito Mais-que-Perfeito Composto – tinha inserido, tinhas inserido, tinha inserido, tínhamos inserido, tínheis inserido, tinham inserido.
10. Pretérito Mais-que-Perfeito Anterior – tivera inserido, tiveras inserido, tivera inserido, tivéramos inserido, tivéreis inserido, tiveram inserido.
11. Condicional Passado (ou Perfeito) – teria inserido, terias inserido, teria inserido, teríamos inserido, teríeis inserido, teriam inserido.
12. Pretérito Perfeito do Conjuntivo – tenha inserido, tenhas inserido, tenha inserido, tenhamos inserido, tenhais inserido, tenham inserido.
13. Pretérito Imperfeito do Conjuntivo – inserisse, inserisses, inserisse, inseríssemos, inserísseis, inserissem.
14. Pretérito Mais-que-Perfeito do Conjuntivo – tivesse inserido, tivesses inserido, tivesse inserido, tivéssemos inserido, tivésseis inserido, tivessem inserido.

Pergunta:

Gostaria de saber o que é, pois nunca ouvi falar.

Resposta:

Na Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, denominam-se notações léxicas os sinais auxiliares que indicam a pronúncia exacta das palavras. Esses sinais acessórios da escrita são os seguintes: o acento (agudo, grave e circunflexo), o til, o trema, o apóstrofo, a cedilha e o hífen.

Pergunta:

Olá, sou professor, amador da língua portuguesa e basco. As minhas dúvidas no que diz respeito ao português talvez sejam para vocês pueris, mas têm de levar em linha de conta que a minha língua mãe é o euskera, bem diferente das línguas latinas. Então, tudo o que na vossa é diferente do espanhol, à qual estou acostumado, faz-me mossa.

Para já:

"Foram eles quem fez aquilo" ou "foram eles quem fizeram aquilo"? Qual é o regime de concordância? Ou ambas as formas são correctas?

Resposta:

No exemplo que apresenta, o verbo fazer tem de ficar na 3.ª pessoa do singular, fez.

1. O pronome relativo quem, invariável em género e em número, significa “aquele ou aqueles que, a pessoa ou as pessoas que” e exige o verbo na 3.ª pessoa do singular, independentemente do antecedente ou do referente.

Exemplos:

a) Fui eu quem fez isso.
b) Fomos nós quem ficou responsável pelo trabalho.
c) Verifiquei que eram eles quem tinha dado aquela informação.
d) Quem tem o prejuízo sou eu.
e) Quem vai ao supermercado é a Maria e o Francisco.

2. O pronome quem apenas admite o verbo noutras pessoas, quando se trata do pronome interrogativo, quer a interrogativa seja directa ou indirecta.

Exemplos:

a) Quem são os responsáveis?
b) Não sei quem são os responsáveis.
c) Quem te julgas tu?
d) Não sei quem é que tu te julgas.
e) Podes dizer quem eles são?
f) Não, não posso dizer quem são.
g) Quem somos nós?

Pergunta:

"Muito" é por acaso invariável? Tenho ultimamente lido: "Muito mais atenção", "Muito mais intromissões". Seria correcto: "Muita mais atenção" e "Muitas mais intromissões"?

Resposta:

 As expressões correctas são “muito mais atenção” e “muito mais intromissões”, porque o advérbio muito está a reforçar outro advérbio (mais).

Na maior parte dos casos, muito utiliza-se ou como advérbio ou como adjectivo.

   1. No caso de se tratar de advérbio, ou seja, um modificador de um verbo, de um adjectivo ou de outro advérbio, muito é invariável.

   Exemplos:

   a) Ele trabalha muito.
   b) Esta criança é muito acarinhada.
   c) Trata-se de uma terra muito conhecida.
   d) Estes queijos são muito apreciados.
   e) Teremos notícias dele muito brevemente.

   2. No caso de se tratar de um adjectivo, ou seja, um modificador de um substantivo, muito varia em género e em número.

   Exemplos:

   a) Ela tem muitos amigos.
   b) Ele colheu muitas laranjas.
   c) Muitos desses homens fizeram um bom trabalho.

Pergunta:

Empreguei o verbo fazer da seguinte forma:

... O momento é de reflexão, de modo que todos dêem as mãos e faça circular no planeta Terra a corrente de que a "humanidade" está acima de tudo.

A pergunta é: Também posso utilizar o verbo fazer (...faça...) concordando com o sujeito da frase... a corrente? Fui informado que também posso utilizar façam circular (concordando com... todos). Se for possível as duas maneiras por favor mande a resposta.

Obrigado.

Resposta:

Na frase que construiu, poderá usar “façam” ou “faça-se”.

Deverá usar “façam”, se mantiver a frase com a pontuação como está, não pondo vírgula antes da conjunção coordenativa “e”: “...todos dêem as mãos e façam circular...”. Neste caso, pretende dizer que os que dão as mãos são os que fazem circular no planeta uma corrente, etc.

Poderá usar “faça-se” (atenção, o verbo construído com a partícula apassivante “se”), se pretender dizer que “se faça circular a corrente”, sendo a corrente o sujeito dessa construção passiva, mas – importante – deverá colocar uma vírgula antes da coordenativa “e”, precisamente porque os sujeitos das orações ligadas por “e” são diferentes. Na leitura, far-se-á aí uma breve pausa: “todos dêem as mãos, e faça-se circular no planeta a corrente ...”