Pergunta:
Se «carvalhota» é o mesmo que «cambalhota», segundo Manuel Joaquim Delgado (in "A Linguagem do Baixo Alentejo e o Dialecto Barranquenho", Assembleia Distrital de Beja, 2ª Edição, 1983), sendo que o primeiro termo não consta do "Grande Dicionário de Língua Portuguesa" (SLP e CL, Lisboa 1991), pode utilizar-se o termo «carvalhota» como sinónimo de «cambalhota»?
Utilizando-o no discurso urbano, ele só faz sentido, fora do Baixo Alentejo, enquanto termo enfático, caricatural ou pejorativo?
Da norma, qual o conceito que se adopta: o do registo nos dicionários (e, se assim for, quais as obras de referência) ou o conceito linguístico da dita, na expressão de Celso Cunha e Lindley Cintra (in "Breve Gramática do Português Contemporâneo", pág.4, J. Sá da Costa, Lisboa, 1985)?
Que conceito linguístico deve ser adoptado?
Resposta:
Sendo carvalhota uma palavra regional, só convém que seja empregada nas seguintes circunstâncias:
a) Proferida por um natural das regiões em que ela se emprega.
b) Em contextos e/ou situações referentes a essas localidades, quer em linguagem séria quer em linguagem chocarreira, enfática, etc.
Na palavra em questão ou noutra qualquer, guiamo-nos pelos dicionários actualizados porque eles seguem a norma. O que é preciso é saber ler o dicionário. Alguns exemplos:
a) Quando o dicionarista apresenta uma palavra estrangeira ou estrangeirada e dá equivalentes em português, mostra com isso que o inteiramente correcto é o vocábulo inteiramente português.
b) Quando o dicionarista remete para outra palavra e só nesta dá o/s significado/s, mostra ser esta última a que devemos adoptar: ou por a outra ser incorrecta e o dicionarista regista-a porque se usa ou porque, na linguagem comum, é preferível a segunda fórmula.