Pergunta:
A propósito do debate sobre a reforma da Segurança Social em Portugal, apareceu (escrita) uma nova palavra, no mínimo estrambólica: «Plafonar»/«plafonamento» (a cinco salários; ou: plafonara pensão por repartição significa estabelecer um limite...). O aborto, é óbvio, vem do vocábulo inglês "plafond" e foi empregue por um dos responsáveis da dita reforma (Correia de Campos) e por um dos seus economistas Augusto Santos Silva, por sinal no mesmo jornal, o matutino "Público".
Que diz disto o Ciberdúvidas?
Resposta:
De facto, é ridículo e estapafúrdio o emprego de tais palavras. Quem assim escreve mostra vaidade e ignorância de uma das duas coisas que mais nossas são: a Língua Portuguesa.
Parece-nos que não é macaqueação do inglês, mas do francês, onde, além de "plafond" («tecto», mas aqui «máximo que não se pode ultrapassar»), há também o verbo "plafonner" (atingir o máximo, o ponto mais elevado), donde o tal estrambólico "plafonar"; também em francês há "plafonnement", donde o desconchavado "plafonamento". O próprio inglês "plafond" provém do francês.
N. E. (10/09/2015) – Sobre o galicismo plafonamento, atente-se no seguinte comentário da autoria do jornalista Pedro Santos Guerreiro, no Expresso Diário de 10 de setembro de 2015, a propósito do uso de dois derivados desta palavra no contexto da campanha para as eleições legislativas de 4 de outubro de 2015 em Portugal:
«[No debate televisivo entre António Costa e Pedro Passos Coelho] (...) quando se quis aprofundar o relevantíssimo tema das pensões, «plafonamento horizontal» para cá, «plafonamento vertical» para lá e ninguém percebeu nada.