José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
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Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor
Renato Borges de Sousa (1935-2019)
Uma vida dedicada à promoção da língua portuguesa no mundo

Açoriano de nascimento, Renato  Borges de Sousa dedicou toda a sua vida à promoção internacional da língua portuguesa – do ensino para estrangeiros até à realização das 20 edições da Expolíngua Portugal – Salão Português de Línguas e Culturas.

Pergunta:

Reparei que em algumas situações, de preferência nas manchetes e nos títulos das notícias, os media portugueses se referem ao Presidente da República português usando apenas o seu primeiro nome. Alguns exemplos: «Marcelo aposentado como professor universitário mas recebe apenas salário de Presidente» (Correio da Manhã); «Marcelo anuncia até Setembro de 2020 se concorre a segundo mandato» (Jornal de Negócios): «Marcelo quer ver a economia a crescer mais do que 2%» (RTP). Qual pode ser a origem desse costume?

Muito obrigado pelos esclarecimentos.

Resposta:

O uso do primeiro nome tem que ver com a sua maior familiaridade na comunicação social e por razões também de encurtamento de palavras na escrita jornalística. O próprio padrinho do atual Presidente português, Marcelo Caetano, era também referido frequentemente na imprensa do tempo só pelo nome – tendo dele derivado até os  termos «marcelismo» e  «[primavera] marcelista. São os casos de muitas outras  figuras políticas ou da área cultural, estrangeiras, inclusive: Napoleão (Napoleão Bonaparte), Samora (Samora Machel), Fidel (Fidel Castro), Getúlio (Getúlio Vargas), Jânio (Jânio Quadros), Juscelino (Juscelino Kubitschek de Oliveira)Otelo (Otelo Saraiva de Carvalho), companheiro Vasco (Vasco Gonçalves), Agustina (

Começar o ano, atropelando o <i>bilhão<i></i></i>

Se a Terra se localiza a cerca de 147 milhões de quilómetros de distância do Sol quando está menos distante, como é possível o asteroide Ultima Thule ficar «a cerca de 6,4 bilhões de quilómetros»?

Pergunta:

[...] Gostaria de saber o que é mais correto: se escrever-se conforme se diz, ou não usar a contração/apóstrofe no caso que a seguir descrevo.

É só correto escrever «em declarações a O Alcoa» (o nome do nosso jornal tem o determinante, assim como O Jogo, A Bola), ou se pode-se refletir a oralidade na escrita e escrever "em declarações a'O Alcoa?

Muito grata!

Resposta:

Quando o título da publicação é precedido pela preposição a e começa pelas vogais a ou o, correspondente ao artigo respetivo, deve evitar-se a sua aglutinação ou contração na escrita.

Portanto: «... em declarações a O Alcoa/... em declarações a A Bola/ ...em declarações a O Jogo

Tal como para jornais estrangeiros: «... noticiou El Pais/ . .. noticiou Le Monde/... noticiou L'Express/ ... noticiou The New York Times», etc.

Diferente seria se especificássemos o tipo de publicação em causa:

«... em declarações ao jornal digital O Alcoa/... em declarações ao jornal desportivo A Bola/ ... em declarações ao diário desportivo do Porto O Jogo

«... noticiou o diário espanhol El Pais/ ...... noticiou  o jornal francês Le Monde/ ...... noticiou o semanário L'Express/... ... noticiou o matutino The New York Times», etc.

Na oralidade, fazem-se as aglutinações e contrações da pronúncia normal: «... em declarações [ao] Alcoa/... em declarações [à] Bola».

Este procedimento está previsto pelo Acordo Ortográfico em vigor, quando, a propósito do uso do a...

O <i>mandado</i> de detenção de Bruno de Carvalho…<br>...e o seu <i>mandato</i> que já lá vai…

A confusão no uso dos termos mandado (judicial) e mandato (presidencial), de novo à tona…