José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
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Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor
Manual de Comunicação
Comité Olímpico de Portugal
Por José Mário Costa

Dirige-se a dois públicos-alvo específicos o Manual de Comunicação do Comité Olímpico de Portugal (COP) — o primeiro do organismo que tutela a atividade  olímpica no país, constituindo um dos raros livros de estilo institucionais existentes em língua portuguesa:

• Os colaboradores, internos e externos do COP, servindo de guia orientador da linguagem utilizada nas suas várias plataformas (na página oficial na Internet, nas redes sociais, no boletim informativo e no suporte multimédia), assim como na respetiva comunicação interna, com procedimentos próprios e no primado  do bom uso da língua portuguesa com as regras de escrita correspondente.

• E, para consulta externa, nomeadamente um aprofundado Glossário de Termos Olímpicos e uma lista completa das modalidades olímpicas, bem como a forma correta de apresentação dos resultados e marcas de cada uma delas – uns e outros nem sempre usados adequadamente nos media em geral.

São ao todo 143 páginas que constituem um importante contributo para a valorização da imagem e da marca do Comité Olímpico de Por...

Tropeções demais no português mais básico
Um acento duplicado... numa pergunta de cultura geral

Descaso com a acentuação gráfica num concurso televisivo de apreciável audiência em Portugal.

Pergunta:

O «Campeonato Nacional de 2019/20». Segundo as normas da língua, o correcto seria usar um hífen em vez da barra («2019-20»)?

[Refiro-me], não à forma de escrever uma data, mas sim um acontecimento que começa num ano e termina no seguinte, como Campeonato Nacional de 2019/20.

Em vez da barra deve usar-se um hífen (2019-2020)?

 

[N.E. – O consulente escreve conforme a norma anterior ao acordo ortográfico atualmente em vigor.]

Resposta:

Não há regras estabelecidas para a questão levantada pelo consulente, como se pode ver neste apanhado sobre os sinais gráficos ou, também chamados, de  pontuação.  No caso da barra [/] – e como respondemos no Ciberdúvidas  sobre "A barra (/) nas actas"  e sobre "Os usos da barra oblíqua e da barra invertida" –, esta  é uma questão de gosto (logo, de opção editorial), usando-se, também por isso, o hífen [-].

 No caso do futebol, o uso mais generalizado é o emprego da barra oblíqua: Campeonato Nacional de 2019/20 – como se pode ver aqui e aqui, por exemplo.

 

 

Cf. O uso do hífen e do travessão

Pergunta:

[A propósito da resposta A escrita das siglas de três clubes de futebol portugueses ] lamento contrariá-los, mas, o que a prática tinha consagrado durante dezenas e dezenas de anos, como se poderá comprovar na imprensa escrita existente nos respectivos jornais ou nas bibliotecas, bem como nas diversas publicações da especialidade, escrevia-se F.C. do Porto, F.C.P., como aparece na história deste clube, etc.

Poderei anexar, se desejarem, diversa documentação que atesta o que escrevi.

Em boa verdade, a ausência dos pontos é muito recente, por uma questão de preguiça, presumo.

Resposta:

Nada do que refere a consulente infirma o que se referiu na resposta em  causa: 1) A grafia das siglas com pontos ou sem pontos não  tem qualquer  regulamentação: nem nas gramáticas, mais antigas ou mais recentes, nem em qualquer vocabulário ortográfico. 2) Foi o uso generalizado – seguido  em todos os dicionários, prontuários, manuais de  estilo, jornais, livros de todas áreas e até nas gramáticas mais reputadas (v.g., a  Nova Gramática do Português Contemporâneo, de  Celso Cunha e   Lindley Cintra, e   Moderna Gramática Portuguesa, de  Evanildo Bechara) – que consagrou a grafia das siglas sem pontos.

Houve tempos que as siglas figuravam com pontos? Sim, é verdade. Só que esse uso assentava, tão-só, como agora, em critérios editoriais, e não em qualquer regra estabelecida… que nunca houve. E, mesmo assim, a opção não era uniforme.

Basta consultarmos publicações da época e constatamos, por exemplo, ora E.U.A./U.S.A., ora EUA/USA; O.N.U. e ONU; O.T.A.N./N.A.T.O. e OTAN/NATO; U.R.S.S. e URSS. E até a polícia política do Estado Novo tanto aparecia grafada com pontos (P.I.D.E., depois D.G.S.) como sem eles (PIDE/DGS). E muitíssimos mais exemplos se podiam dar.

Na minha opinião, o uso dos últimos 40 anos resulta de uma opção bem mais criteriosa. Acaso tinha alguma lógica ...

Pergunta:

Escreve-se "SL Benfica", "Sporting CP" e "FC Porto" ou "S.L. Benfica", "Sporting C.P." ou "F.C. Porto"?

Resposta:

Como se referiu em anterior esclarecimento no Ciberdúvidas, as siglas não dispõem de  normas regulamentadas nas gramáticas, nem constam da nenhuma das  normas ortográficas a lingua  portuguesa  (de 1911, de 1945 e de 1990). Nem sequer constam no Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa.

O que a prática consagrou e recomendam todos os prontuários e livros de estilo* é que se grafam sem pontos – ao contrário das abreviaturas. Um uso aplicável, também, quando, em vez da sua  designação por extenso, e  por opção de clareza,  se escreve só uma parte da sigla, como são os casos em apreço, correspondentes ao Sport Lisboa e Benfica,  Sporting Clube de Portugal e   Futebol Clube do Porto.

Portanto: SL Benfica (ou SLB), Sporting CP (ou SCP) e FC Porto (ou FCP).



*Cf.