Pergunta:
Nós somos um grupo de estudantes que gostara de tirar uma dúvida em relação ao verbo haver. Estamos a elaborar um trabalho onde temos de saber a diferença entre o havia e o haviam, mas surgiu uma dúvida.
Sabemos que na utilização do havia não há sujeito, e que na utilização do haviam existe sujeito, mas, se o sujeito no haviam for «ele», continua a ser haviam, ou passa para havia?
Por exemplo, na frase: «Ele informou os colegas que haviam perdido a pen.»
Resposta:
Antes de responder às perguntas, há aspetos determinantes a referir sobre a particularidade deste verbo. Por isso, temos de ter em conta que o verbo haver pode ocorrer sob duas formas:
— como verbo existencial (ou impessoal, na terminologia tradicional), na aceção de «existir», o verbo haver é usado só na 3.ª pessoa do singular e «seleciona um argumento interno complemento/objeto direto, marcado com caso acusativo» (Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Caminho, 2003, p. 302). Por isso, sempre que é usado com o valor de existir (como existencial/impessoal) nunca tem sujeito, mas complemento direto, o que se pode verificar nos seguintes exemplos:
«Haverá uma solução» [«uma solução» – compl. direto].
«Houve momentos de pânico» [«momentos de pânico» – compl. direto].
«Não acredito em bruxas, mas que as há, há» [«as» (pron. ) – compl.direto].
«Havia muita gente» [«muita gente» – compl. direto].
— como verbo auxiliar (verbo auxiliar dos tempos compostos) que, tal como o verbo ter, ocorre em sequências em que o verbo auxiliar precede o verbo auxiliado/principal (particípio passado ou no infinitivo). Neste caso, o verbo haver concorda com o sujeito da frase, sendo conjugado em todas as pessoas. Por exemplo:
«Havíamos comprado livros» (= «Tínhamos comprado livros») – sujeito (subentendido): nós.
«Hás de fazer este exercício» (= «Tens de fazer este exercício») – sujeito: tu.
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