D´Silvas Filho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
D´Silvas Filho
D´Silvas Filho
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D´Silvas Filho, pseudónimo literário de um docente aposentado do ensino superior, com prolongada actividade pedagógica, cargos em órgãos de gestão e categoria final de professor coordenador deste mesmo ensino. Autor, entre outros livros, do Prontuário Universal — Erros Corrigidos de Português. Consultor do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Gostaria que me informassem qual é decreto-lei (ou lei) que rege cada uma das áreas (pontuação e acentuação) e em que se encontram especificadas legalmente as regras destas duas áreas gramaticais.

Obrigado.

Resposta:

Pontuação

As normas ortográficas em vigor, portuguesas e brasileiras ou o novo acordo de 1990, não prescrevem propriamente regras para a pontuação.

São regras gramaticais, que vão ficando na herança linguística. No meu ponto de vista, muitas delas não são normas taxativas, pois dependem do estilo do escritor, ou da entoação na leitura que se pretende na mensagem, ou, ainda, do seu sentido. Repare na frase clássica correcta para um católico, já por mim referida em Ciberdúvidas: «Cristo morreu, não, está aqui [por exemplo, na Eucaristia].» A segunda vírgula depende do sentido que se  quer dar à frase, pois, para um descrente do cristianismo, a frase radical correcta pode ser: «Cristo morreu, não está aqui.» A principal regra a que obedece a segunda vírgula é a natureza da mensagem (e chamo novamente a atenção para a importância que nesta nossa língua pode ter uma simples vírgula num contexto: na frase em apreço, além de inverter o sentido, pode dar ênfase à palavra não... [é muito mais que meramente um sinal de separação...]).

No entanto, há um mínimo de preceitos clássicos que convém respeitar. Nas páginas 69-72, da 4.ª Versão do Prontuário da Texto, estão referidos esses preceitos mínimos. Para um estudo com maior profundidade, e com base num bom conhecimento da divisões de orações, é já de referência a obra de Rodrigo de Sá Nogueira: Guia Alfabética de Pontuação, 1974, e. Livraria Clássica Editora.

Regras da acentuação

Neste caso, ambas as normas são bem explícitas, pormenorizadas e praticamente coincidentes. Pode encontrá-las em qualquer gramática ou prontuário que as inclua.

A Nova Terminologia Linguística (NTL neste parecer) tem estado submetida a críticas severas, numa controvérsia muito participada. Na janela Controvérsias de Ciberdúvidas, onde estão coligidos vários pareceres publicados, pode avaliar-se como o assunto tem preocupado os interessados. Ora depois de vários meses de estudo da NTL, de ter assistido ao seu último congresso e lido as muitas opiniões pró e contra que sobre o assunto foram publicadas, a opinião final com que fiquei, sem a pretensão de...

Pergunta:

Relativamente a A. D. (Anno Domini – Ano do Senhor) será que podemos considerar equivalente a d. C. (depois de Cristo), ou seja, poderia usar, Roma, A. D. 409-425 ou Roma, d. C. 409-425? Originalmente no texto em inglês aparece A. D., mas ao traduzir, para um melhor entendimento na língua portuguesa, não se poderia passar a d. C.? É esta a minha dúvida... Obrigado.

Resposta:

A abreviatura consagrada na nossa língua para «depois de Cristo» é d. C., muito mais inteligível que A. D. (`Anno Domini´: no ano do Senhor), embora esta não deva ser condenada.

Ao seu dispor,

Pergunta:

Sou publicitário e no âmbito da minha profissão a dúvida quanto ao género da sigla SMS é uma constante. Referindo-se SMS a um tipo de mensagem, julgo que o correcto é dizer «Envie uma SMS», mas não são raras as vezes que leio «Envie um SMS». Qual é a forma correcta?

Peço e agradeço desde já o "desempate" da Ciberdúvidas.

Parabéns pelo vosso trabalho.

Resposta:

SMS é a sigla do inglês: «Short Message System».1

Assim, se nos referirmos ao sistema, SMS é do género masculino: um sistema de pequenas mensagens.

No entanto, o que é mais natural, se nos referirmos à mensagem propriamente dita, o género é feminino.

Assim, eu escreveria: «enviar/receber uma mensagem pelo SMS», e «enviar/receber uma SMS», designando a mensagem pelas siglas do sistema.

O que não me parece bem é escrever ou dizer *«enviar/receber um SMS», pois o que enviamos/recebemos caso a caso são mensagens e não o sistema que usamos.

Ao seu dispor,

1 N. R. – Agradecemos à consulente Célia Drive (Porto, Portugal) a observação feita em 8/09/2010, acerca do desenvolvimento desta sigla: «[...] o [...] correto significado é Short Message Service, como se poderá constatar em qualquer dicionário canónico de inglês. [...] [Em inglês seria incorrecto atribuir o adjectivo short (que descreve dimensões) a uma forma verbal como messaging" (que exprime uma acção). Message poderia ser caracterizada como short, mas a acção de enviar mensagens não.» Assinale-se que o Grande Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista incorrectamente "Short Messaging Service". Quanto ao plural, é como se faz com qualquer sigla: os SMS.

 

Cf.  

Pergunta:

Gostaria de saber se o termo "termia" é a definição para 1 milhão de calorias, a nível de sistemas de aquecimento.

Obrigada.

Resposta:

A termia em unidades do Sistema Internacional de Unidades (SI) é equivalente a 4,185 × 106 joules.

Ora a caloria (dita pequena caloria para não a confundir com a quilocaloria) tem a equivalência de 4,185 joules. Assim, a termia é efectivamente um milhão de calorias.

Note que, no SI, quer a caloria a quilocaloria ou a termia não são unidades de calor (energia) oficializadas. A unidade de energia é o joule (trabalho de um newton na deslocação de um metro). Assim, a energia representada pela designação `termia´ tem, no SI, o valor acima indicado.

Ao seu dispor,