D´Silvas Filho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
D´Silvas Filho
D´Silvas Filho
56K

D´Silvas Filho, pseudónimo literário de um docente aposentado do ensino superior, com prolongada actividade pedagógica, cargos em órgãos de gestão e categoria final de professor coordenador deste mesmo ensino. Autor, entre outros livros, do Prontuário Universal — Erros Corrigidos de Português. Consultor do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

«O sentido da regra é a simplificação [Iluminou-me!]. Pára tem tido acento para não se confundir com a preposição para, mas a verdade é que o contexto normalmente evita a confusão.

Tem de aceitar que as frases que apresenta são todas agramaticais, se considerarmos a grafia para sempre uma preposição [Tenho de aceitar? Que com a nova ortografia o texto perca coesão e gramaticalidade? Aliás, onde disse eu que era para tomar "para" sempre como preposição? Como disse, o texto resultou deu um jogo caricato entre as duas formas. Falha na interpretação lógica do texto!?]

a) Escrever duas preposições iguais seguidas contraria as regras, a não ser quando usadas enfaticamente [Aí é que está o problema. Não tenho nenhum caso desses no meu texto — nem quero ter!]

b) A vírgula no fim da terceira frase deixa a ideia em suspenso se quisermos considerar o segundo para como uma preposição [Desisto...]

c) A última frase está igualmente incompleta se considerarmos a grafia para sempre uma preposição (para isto, para aquilo e para mais aquilo… o quê?...) [Já percebi a ideia — e já percebi que não percebeu ou lhe não interessou perceber a questão em causa...]

O treino no uso da língua permite normalmente avaliar se o conjunto escrito tem coesão. Se aparentemente não o tem, o cérebro humano tende a corrigir o defeito em busca dum sentido coerente, para entender a mensagem (é essa ainda a sua grande vantagem em relação às máquinas, que ficam penduradas quando lhes aparece uma novidade no programa) [Genial!].

Por outro lado, o escritor que verdadeiramente se preocupa com os seus leitores usa as suas palavras por forma a que no conte...

Resposta:

Ficou zangado, mas não havia razão para isso, pois não pretendi ofendê-lo. Pelo contrário, os meus argumentos significavam que os seus textos eram perfeitamente inteligíveis sem o acento no pára, pois, caso contrário, não teriam coerência. Parece que pensou que eu estava a troçar das suas expressões, o que não era o caso.

Não costumo responder a pessoas zangadas, pois penso que a língua deve ser sempre estudada com tolerância de parte a parte, pois ninguém é seu dono. No entanto, estou a escrever-lhe porque me dirigiu também uma mensagem pessoal, pela qual depreendi que visitou a minha página, e os meus visitantes merecem-me a simpatia que lhes devo sempre no dever da hospitalidade.

Vou esclarecer agora melhor o que escrevi.

Entendo e aceito os seus argumentos de que o acento no pára era útil para desfazer ambiguidades. Os legisladores foram levados a suprimir este acento como fizeram em pêra e pólo (estes para não se confundirem com formas gramaticais antigas (mas para não é antiga…). Poderiam ter feito o que fizeram com amámos/amamos, fôrma/forma ou dêmos/demos, que deixaram à opção. Poderiam mesmo incluir pára na obrigatoriedade que impuseram para pôde. Talvez tenham concluído que a confusão entre a forma verbal no passado pôde e no presente

Os argumentos de quem está muito assustado com o novo Acordo e aparece na liça a combatê-lo são comuns, repetitivos. Rebato-os a seguir, ponto por ponto, mais uma vez.

Sacrifício feito ao Brasil

Aqueles que resistem ao novo Acordo apresentam argumentos nacionalistas, dizendo que há no novo Acordo subserviência ao Brasil.

Pergunta:

Tive oportunidade de consultar o texto do novo Acordo Ortográfico, no vosso excelente sítio da Internet. Contudo, continua a subsistir-me uma dúvida, que não consegui ver esclarecida na parte do Acordo Ortográfico que fala do uso da letra «h» no início e no final das palavras. Em Portugal actualmente escreve-se «humidade», com a letra «h», no Brasil actualmente escreve-se «umidade», sem a letra «h». Podiam-me dizer, de uma vez por todas, como é que vai ser escrita a forma normalizada desta palavra: com «h», ou sem «h»?

Agradecido pelo comentário possível.

Resposta:

Que fique bem claro que o h nunca figura no fim das palavras portuguesas, exceto em interjeições (ex.: Ah!, Ih!, etc.) ou em nomes que o uso consagrou (ex.: Loth). Também nunca aparece no interior duma palavra com os elementos fundidos (diziam-se aglutinados, tradicionalmente), exceto em dígrafos (ex.: ch, nh, lh).

No início das palavras é meramente nos nossos dias um apêndice [sem qualquer som atualmente na língua], que a norma de 1945 e o novo acordo exigem só por razões etimológicas.

Numa revolução drástica e corajosa na língua (como foi a de 1911), é muito possível que estes apêndices sejam também extirpados, como já o foram letras quando dobradas, o s do sc inicial, o ph, o y, etc., e serão futuramente as consoantes não articuladas, de justificação insustentável.

Quanto ao h de humidade, ele já caiu na comunidade linguística brasileira, o que não escandaliza muito, mesmo nos nossos hábitos europeus, pois o h passa despercebido na palavra. Não lhe posso dizer “de uma vez por todas” se em Portugal humidade também se escreverá sem h no futuro, pois não encontrei a palavra no texto do novo acordo.

Só quando houver o Vocabulário Comum oficial, que estava previsto n...

Pergunta:

Se as palavras terminadas em "u" não têm acento, então qual é a excepção para a palavra baú? Terá a ver com o ditongo oral?

Obrigada pelo esclarecimento.

Resposta:

De acordo com a Base C dos “Acentos e trema” dos “Problemas ortográficos” > Linguística (na minha página pessoal), por exemplo pau não tem acento, embora terminada em u, porque esta está antecedida de vogal, num encontro vocálico que é um ditongo decrescente.

Segundo a Base I, no mesmo local, baú precisa de acento para desfazer o ditongo oral, senão pela base acima citada pronunciar-se-ia ¦báu¦. O acento, de acordo com a regra, converte a semivogal em vogal e o ditongo em hiato.

Ao seu dispor,

Em 1911, pouco tempo depois da implantação da República, houve força suficiente para que a revolução chegasse também à língua, numa altura de quase discricionariedade na escrita, com o uso das letras dobradas, do ph, do ye de outras heranças etimológicas com que se mostrava erudição individual. A resistência dos conservadores foi enorme; há testemunhos escritos, hoje considerados caricatos.