Pergunta:
Na afirmativa «mais um passo, e eu pulo», apesar de não estar explícita a conjunção condicional, há uma interpretação clara nesse sentido.
Como analisaríamos a construção sintática e morfologicamente: o e é conjunção aditiva? «Mais um passo» tem conjunção e verbo elípticos – «se der»? Ou é apenas um expressão condicional e não uma oração?
Obrigada!
Resposta:
As conjunções coordenativas apresentam valores específicos de adição, conclusão, explicação, oposição, alternância, entre outros, como reportam as gramáticas, com eventuais diferenças de pormenor. No entanto, a língua permite um ilimitado uso criativo que não é captado pela formulação simplista das suas regras.
Assim, como muito bem se sugere na pergunta, a conjunção e pode ser utilizada com valores muito diversos e muito para além do que a gramática prevê:
– «Faz isso mais uma vez, e eu vou-me embora» (condicional).
– «Chamo-te à razão, e tu continuas na mesma» (adversativa).
– «Insultou-a, e ela apresentou queixa na polícia» (consecutiva /conclusiva).
Penso que é neste sentido que tem que ser analisada a frase que apresenta. Poderemos considerar a elipse do verbo da primeira oração, bem como o emprego da conjunção com valor de consequência ou de condição.
– «[Dê] mais um passo, e eu salto.»
Se incluir na frase «Se der…», então não poderá colocar a conjunção (o * indica agramaticalidade):
– *«Se der mais um passo e eu pulo.»
Quanto ao facto de ser apenas uma simples expressão condicional, mesmo que assim fosse, continuaria a apresentar uma estrutura sintática, com as necessárias relações de contiguidade e de dependência entre os elementos ali constantes.