Pergunta:
Questões sobre aportuguesamento são recorrentes aqui, mas este caso específico me chamou a atenção. Recentemente, o maior portal de comunicação do Brasil perguntou aos seus leitores qual seria a melhor grafia a ser utilizada no site: “twittar” ou “tuitar”, para o verbo correspondente ao ato de postar mensagens no serviço de microblogue Twitter. Quase 80% das pessoas optaram por “twittar”. Podemos aportuguesar as palavras estrangeiras dessa maneira? O termo eleito me pareceu um tanto Frankenstein: nem português, nem inglês. Para mim, melhor seria traduzir o termo para piar, e a única opção aceitável das apresentadas pelo site seria “tuitar”, completamente aportuguesada. O que vocês pensam?
Obrigado.
Resposta:
Apesar de o Acordo Ortográfico de 1990 ter passado a incluir as letras k, w e y no alfabeto português, recomenda-se que elas surjam só em derivados de nomes próprios estrangeiros. Ora, neste caso, o que acontece é que se trata de aportuguesar termos estrangeiros.
Deste modo, há duas possibilidades:
a) Twitter é nome próprio; então, não é obrigatório aportuguesar como nome que é, mas é possível criar um verbo neológico, twittar, que pressupõe um radical "twitt-";1
b) twitter é forma de verbo e nome em inglês (significa «chilrear» e «chilreio»), e, então, é preciso aportuitadatuguesar.
No caso de aportuguesamento (fonético e ortográfico) de twitter, podem propor-se os neologismos tuíter, para o nome, e tuitar, para o verbo, com se usa no Brasil. Cf. Fazer tuitada
1 Leia-se o n.º 3 da Base I do Acordo Ortográfico de 1990:
«[...] mantém-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte; garrettiano, ...