Pergunta:
Lê-se e ouve-se frequentemente «de Sir Y» ou «de Lord(e) X». Penso que isto segue um certo hábito de prescindir do artigo definido associado a nomes, nas traduções do inglês («Andrew levantou-se»). Mas não será um português mais "normal" usar «do Sir Y» e «do Lord(e) X», à semelhança de «do Comendador Z», assim como «o Andrew levantou-se»?
Quanto a «Sir», «Lord(e)», «Comendador» (tal como «Rei», «Presidente», «Engenheiro», etc.), quando a preceder um nome, creio que o uso de maiúscula ou minúscula inicial («Sir Peter» ou «sir Peter») é apenas uma questão de gosto, eventualmente para dar maior ou menor relevância ao título em questão ou para tratar com maior ou menor deferência a pessoa referida. Estou correcto?
Obrigado.
Resposta:
1. Como títulos, deveriam seguir o uso generalizado em português, com artigo definido («o conde de Viseu», «o comendador Santos»). No entanto, assinale-se que dom e dona admitem um uso formal, sem artigo, e outro informal, com artigo: «D. Afonso Henriques foi o primeiro rei de Portugal.»; «Encontrei a D. Josefa na padaria.»
É plausível que a ausência de artigo se deva a influência do emprego dos nomes de títulos e cargos associados aos antropónimos em inglês («sir Francis Drake»; «prime-minister Gordon Brown»). No entanto, no uso destes nomes em português europeu oral, regista-se a presença de artigo: «a lady Di era amiga do sir Elton John»; «o lorde Nelson morreu em Trafalgar». Mas a ausência de artigo com nomes próprios no português europeu literário pode não ser o resultado do contacto com padrões linguísticos anglo-saxónicos: o artigo omite-se mais frequentemente em português do Brasil; também não aparece no português europeu formal nem em muitos textos literários já desde antes de a influência do inglês se ter intensificado. Penso que se pode falar em convergência desse uso inglês com uma prática que em português europeu já existia de forma restrita em certos registos.
2. Sim, quanto ao segundo parágrafo da pergunta.