Pergunta:
Sei que as palavras formadas por derivação parassintética são verbos, mas o que eu quero realmente saber é: existem substantivos ou adjetivos formados por derivação parassintética? Se sim, como isso ocorre? Poderiam citar alguns exemplos, por gentileza?
Felicidades!
Resposta:
Parece haver muito poucos casos de substantivos e adjectivos formados por parassíntese (também chamada circunfixação). Num artigo de José Roberto de Castro Gonçalves, intitulado "A derivação parassintética: um desafio para os estudiosos da língua portuguesa" (José Pereira da Silva. ed. e org., Cadernos da Pós-Graduação em Língua Portuguesa, n.º 2, págs. 34-) lê-se:
«Geralmente, os prefixos que figuram nos parassintéticos têm um sentido dinâmico: embarcar (em–: movimento para dentro), desfolhar (des–: ato de separar); o que explica o fato de a maioria desses derivados serem verbos. Contudo, podemos encontrar, ainda que raramente, substantivos/adjetivos parassintéticos: é o caso de subterrâneo (considerando que subterra e terrâneo são formas inexistentes), bem como de conterrâneo, desalmado etc.»
É, no entanto discutível que os substantivos subterrâneo e conterrâneo sejam casos de parassíntese: por um lado, porque há quem queira ver neles casos de composição;1 por outro, porque se trata de palavras provenientes do latim por via erudita, o que significa que a sua análise morfológica se enquadra no latim, e não no português, que as tomou de empréstimo. Quanto a desalmado, verifica-se que se trata de uma forma participial que pressupões o verbo desalmar, atestado em dicionários (cf. Houiass), e, este sim, formado por parassíntese.
Resta, assim, o exemplo facultado por Alina Villalva, no capítulo que dedica à morfologia do português na Gramática da Língua Portuguesa (Lisboa, Editorial Caminho, 2003, pág. 952): trata-se de