Pergunta:
Dado que as gramáticas, inclusive as mais credenciadas dos 2.º e 3.º ciclos e secundário, são omissas e/ou ambíguas, agradeço que me ajudem a clarificar a seguinte questão (talvez uma questão-tipo):
Numa frase com sujeito composto ou também com complemento direto composto (ex.: «O João e a Ana ofereceram livros e jogos»), devemos considerar apenas um grupo nominal (GN) na sua globalidade (GN – «o João e a Ana»/GN – «livros e jogos»), dois grupos nominais (GN – «o João» + GN «a Ana»...), ou um GN constituído por dois grupos nominais (do tipo GN = GN1 + GN2)?
Há outras situações em que este dilema se coloca: com grupos adjetivais (com dois ou mais adjetivos...), mas não quero ocupar-vos muito do vosso precioso tempo, pois prestam um serviço público de excelência.
Muito obrigado pela vossa atenção e pelo muito que esclarecem.
Resposta:
Trata-se de um grupo nominal complexo que integra uma estrura de coordenação.
Com uma estrutura de coordenação, obtém-se uma unidade complexa com as mesmas funções dos grupos iniciais, ou seja, a coordenação de dois grupos nominais constitui um grupo nominal complexo, tal como a coordenação de duas orações (na verdade, frases) constitui uma frase. O mesmo se pode dizer acerca da coordenação de grupos adjetivais ou preposicionais.
As gramáticas não abordam este tema, pelo que terá de o consultar, por exemplo, em M. H. Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa (Lisboa Editorial Caminho, 2003. pág. 551 e ss.) e na recém-publicada Gramática do Português, da Fundação Calouste Gulbenkian (2013, págs. 1762/1763). Note que nesta última gramática se considera que a coordenação liga elementos que tanto podem pertencer à mesma classe de palavras como à mesma classe sintagmática (estas identificáveis com o termo grupos, que são constituintes sintáticos no Dicionário Terminológico).