Pergunta:
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer o serviço prestado pelo Ciberdúvidas, ao qual recorro diariamente.
A minha dúvida surgiu na sequência da leitura de algumas respostas quanto ao uso do artigo definido com topónimos. Uma questão com a qual todos os pombalenses se debatem é a de explicar por que razão nos referimos «a Pombal» e não «ao Pombal». Ora, por norma, os nomes de cidades derivados de nomes comuns são precedidos de artigo. O facto de tal não acontecer com o topónimo Pombal poderá estar relacionado com o facto de este derivar do nome mouro "Al-Pall-Omar" e não do substantivo comum pombal, como frequentemente se advoga? Ou trata-se simplesmente de uma excepção à regra?
Muito obrigada!
Resposta:
É com muito gosto que prestamos este serviço.
Não podemos confirmar a etimologia de suposta origem árabe que é apresentada, ao que parece, baseada numa lenda, cuja origem desconhecemos. Na verdade, a forma Al-Pall-Omar afigura-se muito pouco plausível, até porque inclui um segmento fónico que não ocorre no árabe, a consoante [p], visto que nesta língua o repertório fonológico apenas diponibiliza uma bilabial, que é vozeada: é esta a razão para, por exemplo, Beja, de origem latina, mas transmissão árabe, ter um [b] em lugar do [p] da forma original latina, Pace (de Pax Iulia).
A etimologia que se atribui a Pombal – do latim medieval palumbare, o mesmo que pombal – implica que o nome tenha sido usado com artigo definido, porque se trata de substantivo comum. Não temos acesso a fontes que expliquem a razão da perda do artigo definido por parte deste topónimo, pelo menos, no uso local. É possível que, vendo os habitantes de Pombal aumentar a importância da cidade, tenham inconscientemente suprimido o artigo definido, porque existem cidades que o não exibem, em especial, a capital de Portugal, Lisboa (não obstante a chamada «segunda cidade», «o Porto», não o ter perdido).