Pergunta:
Referente aos antropônimos germânicos terminados em -ulfo, há alguma prescrição para que sejam registrados sem acento? Ou será que deveríamos utilizar? Me intriga, pois já me ocorreu de notar casos de uso e desuso do acento, muitas vezes no mesmo nome.
Lembro-me imediatamente de Ataúlfo, o segundo rei visigótico conhecido, cujo nome é relativamente bem documentado com acento, embora haja oscilação (vide verbete Decadência e Queda do Império Romano no Ocidente, na Infopédia, que oscila entre ambos no mesmo texto).
Há, claro, os casos de adaptação com -o-, como Rodolfo, mas é uma incógnita para mim acerca dos muitos -ulfos conhecidos, sobretudo dos fins da Antiguidade e Idade Média.
A título de comparação, alguns destes germânicos citados em grego são acentuados (cf. Αριούφος; Ἰνδούλφος; Αταούλφος).
Agradeço de antemão.
Resposta:
A prescrição existente é a que decorre da ortografia e encontra-se formulada no n.º 2 da Base X do Acordo Ortográfico:
«As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas não levam acento agudo quando, antecedidas de vogal com que não formam ditongo, constituem sílaba com a consoante seguinte, como é o caso de nh, l, m, n, r e z: bainha, moinho, rainha; adail, paul, Raul; Aboim, Coimbra, ruim; ainda, constituinte, oriundo, ruins, triunfo; atrair, demiurgo, influir, influirmos; juiz, raiz, etc.»
Sendo assim, e atendendo aos casos de Coimbra e influirmos, em que as sequências -oim- e -uir- não têm acento gráfico e se pronunciam com hiato vocálico (-o-im-, -u-ir-), presume-se que Ataulfo também não tem de exibir acento, nem mesmo para evitar a leitura de au como ditongo. O mesmo acontece com outros antropónimos e topónimos com a mesma origem: Adaulfo, Atanaulfo, Farailde, Failde (cf. Revista Lusitana). Detetam-se de facto registos com acento, mas tudo indica que são ou erros ou gralhas.
Quanto às formas gregas referidas pelo consulente, não são elas relevantes para este caso, porque as regras ortográficas são bastante diferentes.
Sobre a análise etimológica de Ataulfo – que tem Adolfo como cognato (do alemão, pelo francês) e variantes na origem de topónimos como