Pergunta:
Tem havido algumas dúvidas quanto à função sintática desempenhada pelo antigo complemento circunstancial de companhia, mais exatamente os pronomes pessoais como comigo, consigo etc.
Já os vi serem classificados como modificadores do grupo verbal, como complemento oblíquo, mas persistem dúvidas que eu gostaria, se possível, que esclarecessem.
Grata
Resposta:
A função sintática desempenhada por estes pronomes ou por quaisquer outros constituintes ficará sempre dependente da natureza do verbo com o qual se combinarem.
É ao verbo que cabe a seleção dos seus argumentos internos, que completam o seu sentido. Logo, será este que determina a natureza dos seus complementos.
Deste modo, um verbo como viver seleciona um complemento oblíquo, que pode, do ponto de vista semântico, expressar o valor de companhia, como se observa em (1) e (2):
(1) «Ela vive com o João.»
(2) «Ela vive comigo.»
Os constituintes «com o João» e «comigo» desempenham a função de complemento oblíquo.
Um verbo como ir seleciona um complemento oblíquo com valor locativo (ou equivalente), como está exemplificado em (3) e (4):
(3) «Ele foi a Paris com o João.»
(4) «Ele foi a Paris comigo.»
Nestas frases, o constituinte «a Paris» desempenha a função de complemento oblíquo, ao passo que os constituintes «com o João» e «consigo» têm a função de modificador do grupo verbal.
Disponha sempre!