Pergunta:
«Ele é o viajante que se orienta pelas estrelas.»
Nessa frase há a voz passiva sintética?
A expressão «pelas estrelas» é o agente da passiva em uma voz passiva sintética?
Na passiva sintética é correto usar o sujeito paciente antes do verbo como na frase acima (o viajante que se orienta) e nestas frases?
«Apartamentos se alugam.»
«Um erro se cometeu.»
«Casas se vendem.»
«Uma recompensa se ofereceu.»
Resposta:
Na frase em questão não estamos perante um caso de passiva sintética por várias razões que apresentaremos de seguida.
Para simplificar a análise extraímos da oração relativa «que se orienta pelas estrelas» uma frase simples que é equivalente:
(1) «O viajante orienta-se pelas estrelas.»
Tomando como base as características da passiva sintética (veja-se, por exemplo, esta resposta de Edite Prada), percebemos que a passiva sintética apresenta o verbo no mesmo tempo-modo da frase ativa, residindo a diferença entre esta forma e a ativa no facto de o complemento direto da frase ativa passar a sujeito na passiva sintética, sendo o sujeito da ativa omitido. Para além disso, na passiva sintética, o sujeito coloca-se após o verbo, como acontece na passagem de (2) a (3)
(1) «[O João]sujeito publicou [um belo romance]complemento direto.» (frase ativa)
(2) «Publicou-se [um belo romance]sujeito.» (passiva sintética)
Ora, no caso da frase apresentada, o sujeito não está após o verbo (no caso da oração subordinada relativa isso seria naturalmente impossível) e não corresponde ao complemento direto de uma frase na passiva, pelo que a frase (1) não é equivalente à frase (4):
(4) «Alguém orientou o viajante pelas estrelas.»
Para além do que ficou dito, é importante acrescentar que neste caso -se não é uma partícula apassivante, sendo antes um pronome int...